domingo, 12 de julho de 2009

Maior que o mundo.

POR: PAULO ANDRÉ DOS SANTOS.

Com certeza a Magu nunca esqueceu aquele dia. Um acontecimento daquele só acorre uma vez em uma vida. É como se fosse o encontro entre duas estrelas que a milhares de anos estavam separadas, o primeiro choro ou a gloriosa estréia nesse mundo. Mais importante do que o nascimento, só o renascimento, pois, nesse estamos conscientes de que estamos vivos e de que talvez seja a nossa última chance. Na cultura, na idade, na saúde e no amor, estamos sempre renascendo. E é nesse último renascimento que nos sentimos mais sublimes, mais próximos da divindade. Nesse momento, assumimo-nos como quase deuses, querendo mover o mundo para que reine a felicidade. Um velho dito popular costuma sempre se repetir entre as discussões sobre questões amorosas: “O amor remove montanhas”. O amor é pura energia, é a força que impulsiona para o bem as ações humanas. Ele nos dirige à perfeição, ao estado de espírito elevado, sereno, a sabedoria. Quando falta amor neste mundo, passamos a viver sem significado, sem essência, sem caminho nem destino certo, ficamos completamente perdidos. Amor de verdade não tem ciúmes nem inveja, mas, ao contrário disso, tem alegria e admiração. É costume sermos tão pobres de amor, que confundimos com a paixão. O amor é sempre bom, traz sempre acréscimo em nossas vidas, torna-nos mais fortes e sensatos. A paixão, no entanto, governa-nos, cega-nos e nem sempre nos revelam bons caminhos. Somos possuídos pela paixão o tempo todo. Temos paixão pelas coisas materiais, como dinheiro, roupas, jóias, etc., mas, também temos paixão pelas coisas imateriais, como pelo culto ao orgulho, a inveja, a arrogância etc. Ou seja, a paixão é como o nosso eu cheio de vontades e sem limites. A paixão nos poda como plantas, priva-nos de sermos o que somos: águias em busca do céu azul. A paixão nos aprisiona, cerca-nos dentro de limites do qual não conseguimos sair, torna-nos como galinhas reclusas no galinheiro, ou, como pássaros dentro de uma gaiola. O amor é diferente. Amor é grandeza, escolha, generosidade, liberdade. Amar é como alimentar pássaros livres, dar a eles o direito de voarem, de irem e de voltarem quando quiserem. A Magu viveu o amor intensamente enquanto pôde, isso, por que ambas estrelas continuaram a ser livres para orbitarem pelo céu. Esse é um amor maior do que o mundo em que vivemos, assentado na paixão pelas coisas e pelas pessoas, pela posse e pela legitimidade da escravidão diante de tudo. O viver, sem o amor que nos orienta, é um culto às necessidades, à mesquinhez. Enquanto que viver amorosamente a vida implica em se dispensar das coisas vãs e preocupar-se mais com o bem estar pessoal e dos outros.

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