POR: PAULO ANDRÉ DOS SANTOS.
Quando pequeninos, aprendemos que o ciclo da vida se dá com as fases do nascimento, crescimento, reprodução e morte. Durante essas fases, aprendemos uma gama de coisas e nos desenvolvemos como seres humanos; somos solicitados a prestar nossa cota de contribuição à civilização. Mas alguma coisa ainda falta dizer desse nosso período vital. Isso por que, quando envelhecemos, é aparente a nossa ânsia em voltarmos à juventude, à infância. Ao mesmo tempo em que nos libertamos, que nos tornamos gradualmente independentes na vida, vamo-nos aprisionando às necessidades, às regras e aos costumes. Quando envelhecemos, parece que saturamo-nos de tais coisas, e, consciente ou inconscientemente, iniciamos uma busca na direção contrária à determinada pelo tempo, queremos tornar a ser crianças, possuídos pela curiosidade e pela energia características dessa época, insuperável em vida e em vontade de viver. Ao menos em espírito, alguns de nós, nunca envelhecem. Insistimos, muitas vezes, em violar os limites que a idade do corpo nos impõe, desobedecemos às prescrições de elasticidade e de resistência estabelecidos para a nossa faixa etária, desprezamos o bom senso. Depois disso, sentimos as consequências do peso da idade, surgem as dores, as contusões musculares e, às vezes, até fraturas. Isso porém, para alguns de nós, não significa um obstáculo intransponível. Mesmo após isso, insistimos em desobedecer regras e em violar os tabus, assumimos a nossa vocação suprema para viver. Nesse meandro, deixamos de ser responsáveis e independentes, passamos a precisar de auxílio para satisfazer as nossas necessidades mais básicas, como para tomar banho ou se alimentar. Infelizmente, a nossa trajetória – quando a seguimos de maneira natural - em determinado momento, culmina na fase da debilidade corporal, somos vencidos pela fragilidade da velhice. O nosso corpo, frágil e dependente como o de um bebê, mas, ao invés deste, que se desenvolve, o nosso corpo segue o seu caminho de deterioração, de falência absoluta, rumo ao destino final de qualquer ser humano, a morte. “...Que seja eterno enquanto dure...”, Assim como diz Carlos Drummond de Andrade, sobre o amor, em um de seus belos poemas, devemos encarar a vida, vivendo-a intensamente enquanto for possível, pois, o tempo não é suficiente para que tenhamos a possibilidade de lembrar de viver. Se vacilarmos e nos atrasarmos, ao olhar pela janela, perceberemos que a caravana já passou.
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