"Um texto é muito mais do que um simples conjunto de palavras, é um organismo vivo, uma ontogênese, que carregam consigo visões, sentimentos e utopias". Autor:Paulo André Seja bem vindo!
terça-feira, 1 de janeiro de 2013
Um segredo.
As pessoas sempre guardam algum segredo. Todo mundo tem um segredo, um baú de memórias, protegido pelo silêncio. Eu tenho os meus segredos. Você,caro leitor, com certeza deve ter os seus. O discurso que as pessoas tem de que são "um livro aberto" é pura ficção. Todo mundo tem um segredo, ainda que não o tenha por conta. Mas nesse momento, não o meu, nem tampouco o seu segredo que me importa. O que me perturba neste preciso instante é o segredo que a minha mãe guarda com muito cuidado e discrição. Trata-se de um segredo de muitos anos, tão velho que já criou barba e cabelo branco. Ele nunca viu o sol, nem para tomar banho. Está aprisionado, sentenciado, por tempo indefinido e cujo o motivo desconheço. A sua prisão, inesperadamente, não é uma caixa, daquelas usadas comumente pelas pessoas para guardar lembranças. Geralmente, guardam fotos, objetos pessoais,cartas, entre outras coisas. No entanto, isso passa longe do segredo de minha mãe. A técnica utilizada por ela para guardar o segredo é infalível. Sua caixa talvez seja impenetrável e o conteúdo que nela se abriga seja ininteligível. É como se fosse uma cripitografia, faz necessário conhecer o código para conhecer o conteúdo da mensagem. Na verdade, minha mãe não utilizou uma caixa para guardar o segredo, mas um objeto simples, um instrumento utilitário presente em nossas casas todos os dias. Posso até dizer que é quase impossível alguém dormir sem ele. Calma, leitor. Não é disso que estou falando. Estou falando de um velho e inútil cadeado,que curiosamente tem a finalidade de proteger o acesso a algo. Será que a minha mãe pensou nisso? Acho que talvez ela tivesse se valido muito bem desse atributo do cadeado. Ela trancou o próprio segredo no cadeado. E ele, apesar de inútil no exercício de sua específica competência, soube desempenhar muito bem a tarefa: proteger o segredo. Deixou de ser um objeto forjado em ferro para se tornar um terno amigo de minha mãe, daqueles que sabem guardar às sete chaves um segredo.
POR: PAULO ANDRE DOS SANTOS.
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