quinta-feira, 5 de junho de 2014

Gritos na academia

O pavilhão de aulas estava um deserto naquele dia. Havia chovido muito. O prédio estava praticamente vazio. Muitas salas estavam possuídas por um silêncio mórbido. Essa ausência de sons e de calor humano era ao mesmo tempo inquietante e inspiradora. Estamos geralmente tão acostumados ao barulho poluente da cidade, que, não raras vezes, ao nos depararmos com um silêncio totalizante, sentimo-nos, em alguma medida, aterrorizados. Os barulho excessivo é perturbador, mas o silêncio profundo pode ser muito pior. Lembro-me que caminhava pelos corredores do pavilhão em busca de uma alma. Procurava alguém que me situasse no que ali se passava. Eu estava meio perdido, confuso com toda aquela circunstância. Luzes opacas, vento frio e aquele corredor fúnebre soava um tanto estranho. Eu ia subindo, percorrendo os andares, quando repentinamente, um vigoroso grito rasgou o silêncio. Eu estava ali, caminhando, na esperança de encotrar alguém, mas não pensei que seria dessa forma. Aquele grito vindo da escuridão foi a gota d'água. Sai na direção do ocorrido, a fim de verificar se alguém precisava de ajuda. Acelerei o passo, entrei em uma sala que estava meio aberta. Nada havia. Nem mulher em apuros, nem qualquer outra pessoa. Isso foi assustor. Perguntei-me se realmente havia escutado aquele grito. Desci aos outros, percorri novamente os corredores, contudo, toda essa ginástica foi em vão. O pavilhão estava vazio. Não vi sequer o pessoal da segurança; ou, mesmo o pessoal do apoio administrativo. Mas de onde será que veio aquele grito? Tenho certeza de que, apesar do susto, ouvi aquele grito. Comecei a olhar ao redor do prédio. Estava escuro. Eu usava a fraca luminosidade do celular. Fui dando a volta no prédio, até que um novo grito. Naquele momento, o grito foi ainda mais forte. Soou o som de tambores, acenderam-se tochas de fogo. Um círculo de pessoas e uma mulher ao centro. Seria assustador se não fosse apenas uma performance teatral.

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