POR: PAULO ANDRÉ DOS SANTOS.
Tudo poderia ter sido perfeito. Amor, amada e amante coexistiam, completavam-se como se fossem as notas de uma bela melodia. Céu e mar, noite e estrelas, beijos e lábios, uma comunhão belíssima entre dois que formam um só. Ao ressuscitar os amores do passado, jazidos na memória e no coração, fica-nos, muitas vezes, a nostálgica sensação de que poderia ter sido melhor. Como diz a emblemática canção dos Titãs, “Epitáfio”, “...Devia ter amado mais...ter aceitado as pessoas como elas são...”. Ao rememorar o passado – que, em não raras ocasiões, nos é dolorido – sentimos o amargo fel do arrependimento. É triste passar “em branco” pelas páginas da vida, diriam todos aqueles que se esqueceram de viver. Algumas vezes, lamentamos as flores que não demos, as palavras que (não) dissemos, o amor que não revelamos, por medo, ou, simplesmente, por um ignorado egoísmo. As escolhas que fizemos, entendendo serem as melhores para a nossa felicidade, foram como assinaturas em um papel em branco. Donos de si, na verdade, não tínhamos o controle das ações, não tínhamos o olho nas consequências. Não percebemos, naquele momento, que eram muito frágeis as garantias e, que, notavelmente, haveria um preço alto a pagar. Agora, daqui do cemitério de Nossa Senhora do Ó, no Alto da Gameleira, avistando, abaixo, um viveiro de peixes, e, contemplando, ao longe, a imensidão do mar azul, damo-nos conta de que acabamos pagando o que queríamos com o que, na verdade, já tínhamos, a felicidade.
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