segunda-feira, 24 de maio de 2010

A cela.






Por: Paulo André dos Santos.

Parecíamos dois foragidos, numa correria desenfreada, empurrados por um único motivo: chegar ao destino. Não exatamente na mesma ordem, essa mistura deu o tom da ação, conduzida com um certo desespero, para fugir ou chegar a algum lugar. Percorremos ruas planas e inclinadas, repetidas vezes. Em aproximadamente vinte minutos – depois que desembarcamos no Terminal da França, chegamos ao destino. Foi uma mistura de alívio e decepção, de alegria e tristeza. Quando estávamos a nos aproximar do teatro XVIII, para assistir ao espetáculo “A Cela”, imaginativamente, conseguíamos ouvir a melodia do Hino da Vitória. Em fração de segundos, a metros do teatro, recordamos de Airton Senna. Sua garra e suas vitórias emocionantes pareciam nos ter sido emprestadas, tal a proximidade com o objetivo. Já estávamos sentindo o gosto do triunfo, os segundos que faltavam de correria pareciam estar se congelando em câmera lenta. Infelizmente, nem tudo nessa vida é acerto, êxito, vitória. No momento em que chegamos à bilheteria para retirar os nossos bilhetes – que já haviam sido comprados por amigos, que chegaram mais cedo ao local -, o atendente nos passou o ingresso, mas, prontamente, trouxe-nos a informação de que não poderíamos entrar. O relógio marcava, exatamente, vinte horas e seis minutos. Por um minuto, um mísero minuto, fomos impedidos de entrar. Pedimos, imploramos, mas, não teve jeito, perdemos a última exibição da peça teatral “A Cela” por causa de um mísero minuto. Fomos vencidos, ou, será que vencemos? Na verdade, tudo depende do ponto de vista, de quem olha, de quem interpreta.

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