Por: Paulo André dos Santos.
Quem poderá dizer que a realidade é ? Quem poderá afirmar, categoricamente, que não existe ilusão na realidade e, também, que não existe realidade na ilusão? O mundo em que vivemos é real, ou, o é apenas na forma como o enxergamos? Com o advento da revolução da física quântica, velhos pilares ruíram e as verdades, tornam-se cada vez mais incertas. Com o filme “Alice no país das maravilhas” (2010), podemos relembrar uma das mais velhas metáforas da filosofia, em toda sua história. Trata-se da “Alegoria da caverna”, de Platão, em que por meio do diálogo Sócrates problematiza a possibilidade de que a realidade seja uma ilusão. Ou seja, verbalizando “imagine”, através das idéias, o personagem refuta a própria realidade, colocando-nos todos numa caverna e como aprendizes no “Mundo das sombras”. Tudo o que aprendemos, nesse sentido, são tão somente sombras, formas, sem textura e sem profundidade. Alice, no filme referido antes, mergulha em outro mundo – que poderia ser o perfeito-, onde coisas fantásticas acontecem. Ela volta a realidade primeira, com outra compreensão de mundo, que pediria muito cuidado ao ser revelada para outras pessoas. Talvez, fosse tachada como louca, esquizofrênica, pois, como acontece na metáfora descrita por Platão, os “outros” não aceitariam a idéia e, possivelmente, iriam recriminá-la. O dogmatismo, nesse sentido, talvez seria o maior obstáculo. Uma vez que não admite duas verdades para mesma idéia, o dogmatismo impede qualquer forma de mudança, de inovação e revolução. A voga dessa doutrina é o conceito de imutável, de eterno continuísmo. Isso quer dizer que, o modelo de ciência atual (pós-moderna) é inimiga de tal forma de conceber o mundo. Se cada pessoa fosse uma “Alice”, “pescadora de ilusões”, as verdades, os arranjos da realidade, talvez, jamais simbolizassem o “fatal”, o inevitável, uma consequência do destino. A realidade, talvez, seria aceita, quando o interesse pedisse, como pseudo-realidade, permitindo a sua manipulação e transformação de quadros de maneira mais articulada. Os políticos, os filósofos, os donos da ciência, os professores, os representantes religiosos, os intelectuais – de maneira geral -, enfim, em todos os pólos de influência, não teriam a força, muitas vezes, de fazer crer piamente, mas, de alimentar cotidianamente uma crítica reflexão.
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