quinta-feira, 7 de maio de 2009

A escola e o Mercado: sócios na produção da invisibilidade social

POR: PAULO ANDRÉ DOS SANTOS.

Você vai a um hospital, encontra tudo sujo, é mal recepcionado pelos funcionários e recebe a notícia de que não há médicos de plantão; você acabou de ser assaltado, vai a uma delegacia ou a um módulo policial, não encontra ninguém para te atender; você liga para a central de atendimento da operadora telefônica, o telefone lhe esquenta os ouvidos e a única resposta que você tem é uma mensagem gravada, que, geralmente, diz: “Desculpe-nos. No momento, todos os nossos terminais estão ocupados. Por favor, aguarde”. Nessas horas você pira, você reclama, você xinga até a mãe do Papa. No entanto, no dia em que seu filho chega em casa mais cedo, da escola, por que não teve professor para dar aula, ou, simplesmente, por que ele foi suspenso, você é capaz até de esboçar um sorriso. Afinal, que importância tem isso? Que importância terá alguns dias de aulas perdidas durante o ano letivo? Em uma sociedade em que as escolas são verdadeiras amas do Mercado, alunos são “preparados” no espírito para se tornarem força produtiva. Um enorme contingente de pessoas, que, futuramente, “lutarão” entre si para venderem mão-de-obra. E nessa dinâmica social, a escola escolhe os “lutadores” e o Mercado decide, através de critérios, ora técnicos, ora arbitrários, quem serão os vencedores. Aos perdedores, resta o esquecimento, o descaso, a invisibilidade social. E em se tornando invisíveis, quem se importa?

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