domingo, 31 de maio de 2009

A luz de teu caminho


POR: PAULO ANDRÉ DOS SANTOS.

Existe momentos na vida em que você se pergunta sobre a razão da sua caminhada ser tão dolorosa. Por muitos anos, a vida lhe impôs mais sacrifícios do que, propriamente, prazer e ócio. Hoje, você acaba de perceber que a sua vida inteira lhe foi tolhida a liberdade. Você foi disciplinado, doutrinado, educado, humanizado, dentro do que a sociedade lhe aspirava. Agora, você lembra que, logo na infância, você foi inserido na vida escolar, para aprender a ler e a escrever e, se obtivesse bom rendimento, poderia, mais tarde, vir a freqüentar a faculdade. Na escola, você aprendeu que tem que ser o melhor. Infelizmente, não no sentido humano da palavra, mas, simplesmente, melhor como números pragmáticos. Hoje, meu caro, você é um bom número. Tem carro, apartamento, plano de saúde, dinheiro no bolso e uma bela mulher. Tudo isso, no entanto, não lhe trouxe felicidade, por quê? Bem, talvez por que as pessoas mais importantes de sua vida ficaram para trás. Elas não conseguiram ser, aos olhos do pragmatismo, bons números. Foram separadas, tiradas de cena, excluídas, a fim de não comprometerem os bons resultados. Foram consideradas o joio na plantação, a praga que precisava ser arrancada. Nesse caminho que você tem percorrido, elas foram ficando para trás, uma a uma, até que você, finalmente, viesse a se tornar um andarilho solitário pelo caminho da vida. Agora, habitas na escuridão e na frieza de teu espírito. Teus velhos amigos...ó velhos amigos! Apesar de terem sido reprovados pelo pragmatismo, venceram na vida, pois, agora, estão felizes por que têm, pelo menos, um colo para se consolarem. E tu, quando precisares, encontrarás abrigo para a tua alma? Na verdade, meu caro, tudo tem um preço e você, como vencedor, agora, está só. E a luz de teu caminho findas lá atrás, para onde tu jamais olhastes. Você está triste pela vitória? É um preço alto a pagar? Ainda há esperança, ainda há como unir os cacos quebrantados. Voltas à velha morada com a humildade de quem não tem casa e reaverás a tua luz, terás de volta o teu brilho, acenderás a tua chama e terás de novo o suspiro da vida.

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