(Stephen Kanitz)
PAULO ANDRÉ DOS SANTOS.
Ao lidar com pessoas, o uso adequado das palavras é de uma importância fundamental e que muitas vezes é negligenciado pelos líderes de equipe. Sobre isso, diz Hunter (2004, p.18), “...É importante tratar outros seres humanos exatamente como você gostaria que eles o tratassem”. Ou seja, antes de falar aos liderados, o líder precisa se perguntar se ele estivesse na condição de ouvinte, como iria reagir diante das palavras que ele, como líder, quer derramar sobre os liderados.
A atenção, é nesse sentido, um dos requisitos essenciais para um saudável relacionamento com as pessoas. Temos que desenvolver o nosso potencial como ouvintes, pois, as pessoas gostam de dar opiniões, de fazer críticas e confidências, mas, antes disso, elas gostam de ter a atenção. As pessoas, às vezes, valorizam mais a atenção do que a solução para o problema delas.
[...] Fomos condicionados a acreditar que o brilho do ouro é que vai nos ajudar a construir equipes melhores, embora a história prove que as pessoas trabalham por algo mais que dinheiro e, na verdade, muitas vezes trabalham mais e melhor quando não são pagos, ao menos em moeda.
(JONES, 2008, p.52)
É muito bom para um líder ter o dom da palavra, porém, suas atitudes sempre falarão mais alto. Ouvir os liderados, valorizar as sugestões, estimular a participação, ajudar os talentos a se manifestarem é uma prerrogativa de todo bom líder. O lider precisa cuidar das pessoas, valorizar os liderados não somente como empregados da empresa, mas, principalmente, como seres humanos.
Qualquer um pode reunir, distribuir uniformes e chamar as pessoas de “time”. Mas quem já tentou de fato formar uma equipe sabe que é uma arte e uma ciência, e a melhor maneira de criar uma espírito de equipe é tratar seus integrantes como família. Família implica propriedade. Família denota autoridade. Família significa permanecer enquanto os outros vão e vêm.
(JONES, 2008, p.43)
A confiança dos liderados é o objetivo de todo bom líder, sendo muito difícil de se conquistar, no entanto, a depender das atitudes do líder, pode ser perdida muito facilmente. A confiança é o ponto sensível dos relacionamentos. E para que essa semente floresça, líder e liderados precisam se conhecer como se conhecem e se identificam pais e filhos.
Como os frutos de uma planta, a confiança entre líder e liderados tem que passar por um processo que envolve os estágios de instauração (nascimento), desenvolvimento e amadurecimento. E para que toda essa evolução – que é natural – aconteça, o líder precisa irrigar, constantemente, com valores as raízes dos relacionamentos; precisa jogar limpo, ser sincero e leal consigo e no proceder diante dos liderados.
A hombridade tem que estar introjetada na essência do líder. Sinceridade e lealdade devem permanecer até mesmo nos momentos de conflitos. Um líder não pode romper com esses valores, mesmo que isso implique em ter que enfrentar conflitos.
O líder tem que estar preparado e disposto a administrar os conflitos, tendo a serenidade para não conduzi-lo para o plano do pessoal-sentimental, abrindo horizontes para o surgimento de desavenças pessoais. Para que isso não aconteça, é preciso ter a sabedoria de evitar o estigma, os adjetivos pejorativos que podem violentar a relação de identidade entre líder e liderados.
O líder precisa respeitar a subjetividade, a maneira de pensar de cada pessoa, precisa compreender a diversidade dentro da unidade de seu grupo. Se isso não acontece, o relacionamento pode entrar em um processo de desgaste ou esfacelamento. Um relacionamento saudável é como um vaso de cristal, é precioso.
Conforme diz Hunter (2004, p.74), “...Para crescer e amadurecer, os relacionamentos têm que ser cuidadosamente desenvolvidos e alimentados”. A partir do momento em que inicia uma relação interpessoal é preciso ter em mente que existem momentos adequados para determinadas tomadas de posição, que muitas vezes, exigem um elevado grau de confiança. É necessário compreender que as pessoas são diferentes. Que mesmo que inseridas em contextos semelhantes irão apresentar, como diz Freire (1992), “visões de mundo” diferentes, portanto, opiniões diferentes.
Por mais que seja a intenção, não se pode mudar pessoas, mas, pode-se permitir que elas se visualizem e optem por mudar. Por que, ao insistir na mudança, corre-se o risco de se tornar antipático, incômodo. Na obra de Hunter (2004, p.44), tem uma referência interessante sobre isso. Ele diz que “...A mudança nos desinstala, nos tira da nossa zona de conforto e nos força a fazer as coisas de modo diferente, o que é difícil...”. O bom líder precisa oferecer as pessoas oportunidades de mudanças que favoreçam o autodesenvolvimento delas, pois, ...
Um grande líder encoraja os componentes de seu grupo a deixar de lado o que fazem mal e começarem a se dedicar àquilo em que são bons; e depois a se voltarem para as áreas em que seu desempenho é brilhante.
(JONES, 2008, p.138)
As ações do líder praticadas no ambiente de trabalho são como um espelho para os liderados – é no espelho que a gente se olha e se identifica. O líder, nesse sentido, deve promover um ambiente de bem-estar-organizacional que possibilite e incentive os liderados à mudança. É importante ratificar que o líder não pode criar a mudança, mas, pode criar um ambiente favorável para que as pessoas se sintam dispostas a mudar.
O movimento de mudança deve estar nítida até mesmo na postura do líder, é ele que deve carregar essa bandeira. Afinal, ele deve ser o primeiro a dar o exemplo. Com diz Hunter (2004, p.68), “...Todas as boas intenções do mundo não significam coisa alguma se não forem acompanhadas de ações...”. Não adianta propor idéias sem fornecer subsídios para instrumentalizá-las. A Teoria e a prática tem que evidenciar as mesmas possibilidades de aplicação, ou, pelo menos, de uma adaptação. Um bom líder precisa ser o exemplo e a mensagem, mesmo que, para isso, ele tenha que se içado, de início, à cruz.
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• Graduando em Pedagogia, na Faculdade Social. Lê e escreve sobre diversos assuntos. Alguns textos estão publicados no sítio
Referências:
HUNTER, James C. HUNTER, James C. O monge e o executivo. Trad. Maria da Conceição Magalhães. Rio de . Trad. Maria da Conceição Magalhães. Rio de janeiro: Sextante, 2004. janeiro: Sextante, 2004.
JONES, Laurie Beth. Como despertar o melhor das pessoas. Trad. Marilena Moraes. – Rio de Janeiro: Sextante, 2008.
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