(Resumo)
Paulo André dos Santos, graduando do 7º semestre do Curso de Licenciatura em Pedagogia na Faculdade Social.
DEL RÉ, Alessandra. Aquisição da linguagem: uma abordagem psicolinguística. In: A pesquisa em Aquisição da Linguagem (p.13-31). São Paulo: 2006.
Historicamente, os tempos mais remotos em que se iniciaram os estudos e registros sobre a linguagem infantil datam do século XIX. Nessa época, as pesquisas a respeito da linguagem não possuiam uma articulação metodológica, misturavam-se nos estudos os aspectos das expressões da linguagem oral aos aspectos da linguagem escrita. Com isso, não se praticava na época qualquer tipo de discriminação linguística. No início do século XX, os estudiosos passaram a reinvindicar para a área de linguística, a condição autônoma que lhe conferisse o caráter de campos de estudo científico. O foco da linguística deixa de ser, nesse momento, a condição histórica, para se observar uma perspectiva descritiva, passando a realizar estudos descritivos, longitudinais e naturalísticos. Na segunda metade do século XX, Chomsky traz em seus estudos um novo viés para o campo da linguística. Nesse estudo, ele apresentou uma proposta de uma linguística mais preocupada com as palavras que o falante potencialmente poderia produzir, e menos enfática com relação às palavras que o indivíduo já produz. Essa forma de encarar a linguística, mais preocupada com o potencial de linguagem do indivíduo, desencadeou no surgimento da Gramática Gerativa Transformacional. Já no fim da década de 1950, surgiu uma corrente de estudos denominada de Psicolinguística, com o intuito de estudar os processos psicológicos resultantes da aquisição e da expressão da linguagem (Maingueneau citado por DEL RÉ, 2006, p.14). Essa área de estudos, inicialmente, apoiava-se nos conhecimentos oriundos da Psicologia e da linguística. No decorrer da década de 1960, a teoria gerativa de Chomsky exerce influência sobre o campo da Psicolinguística. Com o intuito de obter a autonomia enquanto campo de estudos científicos, a Psicolinguística, a partir da década de 1970, amplia o foco de estudos, além do processo de aquisição da linguagem, ela, apoiando-se na Epistemologia genética, na Etologia e na Psicanálise, passou a estudar os aspectos que influenciam no desenvolvimento da linguagem na criança a partir da idade de recém-nascida. Esse estudo do processo de aquisição da linguagem levou o estudo da própria Aquisição da Linguagem a conquistar autonomia de ciência, tornando-se em uma área de interesse da Psicolinguística, das ciências cognitivistas e das teorias linguísticas. Entre os estudos que envolvem a Psicolinguística e a Aquisição da Linguagem existe o problema da falta de consenso quanto às questões metodológicas, visto que nos estudos mais novos de Aquisição da Linguagem existe uma flexibilidade quanto a metodologia, que será determinada de acordo com a teoria escolhida pelo investigador, podendo ele seguir o caminho indutivo ou detutivo. As duas primeira teorias de Aquisição da linguagem, o Behaviorismo e o Conexionismo, tiveram suas bases epistemologicas sustentadas pela corrente do empirismo. Nessas duas concepções, o conhecimento é também o resultado da experiência e da única capacidade de que o ser humano possui de fazer associações entre estímulos ou entre estímulos e respostas. Na teoria Behaviorista, a criança, em termos de conhecimento, é como se fosse uma tábula rasa. Ela só pode conquistar o conhecimento através da relação estímulo-resposta, imitação e reforço. Há dúvidas quanto a auto-suficiência do Behaviorismo. Ou seja, existe uma desconfiança dessa teoria quanto a aquisição da linguagem. Quanto à teoria do Conexionismo ou Associacionismo, apesar de não validar a mente como participante do processo de aquisição, aceita a idéia de que o cérebro e suas redes neurais sejam responsáveis pelos aprendizado instantâneo, no momento da experiência empírica. Na concepção teórica do Racionalismo, aceita-se não só a existência da mente, mas confere a ela a responsabilidade pela aquisição do conhecimento. Foi dessa base teórica que surgiu o Inatismo, na qual as propriedades da língua são transmitidas geneticamente. Posteriormente, para investigar outros aspectos sobre o processo de aquisição do conhecimento surgiram as teorias do Cognitivismo (Piaget) e do Interacionismo (Vygotsky). Ambas as correntes, por possuírem o mesmo princípio passaram a serem depois identificadas como pertencentes ao Construtivismo.
* Texto escrito em 01 de março de 2008.
Nenhum comentário:
Postar um comentário