sábado, 25 de abril de 2009

Brincando de ser do(e)cente

Por: PAULO ANDRÉ DOS SANTOS.

Quando saí professor da faculdade, à minha frente, encontrava-se um céu azul e nuvens brancas para contemplar. Era tudo verde, era tudo azul, era tudo bom. Eu tinha nas minhas mãos o vigor da esperança e na minha alma, o espírito de mudança. Eu acreditava seguramente que era possível transformar, eu tinha muita fé. Infelizmente, foi justamente quando comecei o meu fazer docente que os muros de minha fortaleza começaram a ruir. Eu chorei, iluminado pelas noites frias, a solidão do meu entendimento. Foram momentos difíceis aqueles em que vivi durante as minhas primeiras experiências na docência escolar. Por quatro anos, durante a minha vivência de vir a ser professor, na faculdade, eu fui percebendo os desafios que tinha pela frente. O que eu não contava, é que nesse caminho sinuoso e perigoso que eu deveria percorrer, não haveria sequer o consolo da cumplicidade. Não haveria ninguém – ou quase ninguém - que me apoiasse nas mudanças. Enfrentei resistências, fui julgado, açoitado e crucificado. Diziam que era só o começo, que ainda não conhecia o Sistema. Tinham a certeza de que quando eu o conhecesse, muitas de minhas opiniões iriam mudar. Então, perguntei: O que é o Sistema? Disseram-me que o Sistema era a forma e o conteúdo que permeava o funcionamento das instituições escolares. Diziam que eu estava preso ao discurso, que tudo que eu pensava era só teoria, que não valia para a realidade. Tudo isso, foi me provocando um desapontamento diante da escola. Aquele fatalismo que consumia as esperanças dos professores, assim como, o alcoolismo consome todo brilho das pessoas. Eu não aceitei o fracasso, não aceitei a entrega a um conceito derrotado de escola. Nunca aceitei o fazer de conta, nunca aceitei a indignidade. Foi por isso, que levantei, discuti, lutei. Precisava sacudir os outros professores, precisava tirá-los do efeito da anestesia. Antes de iniciar, no entanto, qualquer proposta de mudança, resolvi fazer uma autoanálise, resolvi aparar as arestas de meu proceder nas relações humanas. Procurei, primeiramente, aproximar-me dos outros professores de forma empática, procurei entender o processo histórico deles. Quando lhes consegui a confiança, depois de preparar o solo, comecei a plantar as novas sementes que possibilitariam a eles se deixarem arriscar por outros caminhos novos, saindo da velha trilha deixada por Moisés. Educação nunca foi brincadeira, pois, é grande a responsabilidade de todos na escola. Assim, o compromisso que todos devem assumir plenamente precisa se consolidado através de muita união nas ações de melhorias do espaço escolar. O discurso do fazer de conta que faço o que digo precisa ser substituído pela coerência estabelecida entre o discurso e a prática. Ou seja, se se propõe ou se prega algo, devemos ser os primeiros a dar o exemplo. O profissionalismo não deve estar dependente de questões estruturais deficitárias do Sistema de Ensino. O que for possível fazer, deve ser feito! A equipe docente e de gestão da escola, como também, os outros funcionários, cada um deles precisa ter em mente a importância do papel social. É relevante lembrar que a Escola é um lugar de formação de pessoas e, por isso, tem que ser um lugar-exemplo para a sociedade.

Nenhum comentário: