terça-feira, 7 de setembro de 2010

Linha de fogo.



Por: Paulo André dos Santos.

Dois pólos antagonistas, uma silenciosa guerra, um observador solitário. Ele não está muito longe do confronto. Na verdade, encontra-se mergulhado no confronto, dentro dele, no entanto, inerte e perplexo. Em estado de choque, somente observa os fatos, sem querer acreditar no que se apresenta a sua frente, não sabe o que fazer. Não sabe se corre, se grita, ou, se se esconde. Na linha de fogo, a vida dele é o que está em jogo, por isso, uma decisão precipitada por custar muito. As facções criminosas rivais trocavam tiros entre si, as pessoas corriam, fechavam os estabelecimentos comerciais e trancavam as casas. E o observador, ainda ali, imóvel, um alvo em potencial. Para não ser atingido, precisava sair dali rapidamente. Não havia aonde se abrigar por perto. Sobrava-lhe uma única alternativa: o esgoto. Estava bem em cima de uma tampa de bueiro. Ao levantar a tampa do bueiro, veio-lhe uma rápida reflexão, pensou nas circunstâncias. Curiosamente, justo no momento em que a realidade parece-se com o inferno, a única solução possível que lhe resta é o esgoto, onde geralmente, abrigam-se ratos e baratas. Por que a solução veio ironicamente de um local tão repugnante? E como não existia outras alternativas, não havia muito o que pensar. Dessa maneira, desceu rapidamente. Ainda dois dias depois do ocorrido, analisando a situação, recôndito em casa, o observador conclui que momento crítico vivenciado lhe rendeu um aprendizado: a solução para um problema, algumas vezes, virá do local menos provável. O convencional, nesse sentido, em uma situação de emergência, pode dar lugar à criatividade e ao improviso. Desse modo, até mesmo no sólo hostil podem frutificar belas idéias, seja pela emotiva intuição, seja pelo raciocínio lógico.

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