segunda-feira, 27 de abril de 2015

Perfume de Mulher

Por: Paulo André dos Santos.
Dirigido por Martin Brest e estrelado por Al Pacino, a produção cinematográfica “Perfume de mulher” (1992), tem como enredo a história de um ex-militar aposentado e o jovem estudante Cris O’Donnell, contratado pela filha do ancião, para auxiliá-lo nas tarefas diárias, pois ela necessitava viajar e o pai estava cego. De início, o ex-militar manifestara uma relativa resistência em relação ao jovem rapaz. Entretanto, à medida em que a trama vai se desencadeando, os dois vão desenvolvendo uma relação mútua de respeito e de admiração. Em uma das cenas emblemáticas do filme, quando estavam num pomposo restaurante, o ex-militar aposentado convida uma bela jovem para dançar tango, dando ao garoto e aos demais presentes, uma verdadeira lição de como se portar diante de uma mulher. Logo após o final de semana em Nova Iorque, o jovem estudante retornara à universidade, para prosseguir com os estudos. Desafortunadamente, assim que chegara ao campus da instituição, Cris se deparou com uma situação muito desconfortável. Ele flagrou dois colegas de aula sabotando o carro do diretor da entidade. Imediatamente, em virtude de ter sido avistado muito próximo do local do incidente, Cris foi intimado a delatar os colegas, em reunião extraordinária, convocada pelo diretor junto ao Conselho da universidade. Na reunião, como o jovem Cris não concretizou a delação, a fim de não entregar os colegas de aula, o diretor da entidade resolveu expulsar o rapaz da instituição. E nesse momento, no ponto de máxima dramaticidade do filme, o ex-militar interferiu em defesa do jovem amigo. O velho militar da reserva fez um sincero discurso sobre importância da ética para a formação de grandes homens. E tão proeminente foi a oratória dele, que a convicção da platéia, a respeito da culpa de Cris, abalou-se. Após isso, o diretor da universidade viu sua decisão de expulsar o estudante ser revogada pelo conselho acadêmico, em pleno auditório, diante dos pais e dos alunos que participavam da reunião. Nesse sentido, de maneira semelhante à história do filme, a questão da ética nos é apresentada em inúmeras situações de nossas vidas cotidianas. Algumas vezes, vemo-nos encurralados por um dilema moral. Nesses momentos, somos obrigados a assumir uma posição e a tomar decisões, que, muitas vezes, dilaceram-nos por dentro, ferindo nossos princípios e valores morais mais intrínsecos. Além disso, existe ainda a possibilidade de arcar com as consequências da repressão e da censura de pessoas, que participam como interessadas no desfecho do caso. Por outro lado, caso contrário, quando nos lançamos ao anonimato, preservando intacto nossos princípios e valores, não nos sentimos inteiramente realizado, uma vez que há incômodo desconforto provocado pelo dilema moral, mas, nesse momento, ainda estaremos com a consciência “limpa”. Para se ter uma ideia do quanto é difícil uma solução para um dilema ético-moral, suponha-se que Cris houvesse delatado os colegas, o que aconteceria? Talvez, ainda assim, fosse expulso da instituição, pois, mesmo que o diretor cumprisse a palavra, como ficaria a consciência de Cris? Como ficaria a sua imagem diante dos outros alunos? Será que Cris suportaria a carga da pressão realizada pelos outros alunos? Assim, provavelmente, ele mesmo se “expulsaria”. Uma decisão como essa não se encerra em si, mas, existem ecos, consequências e implicações pessoais, que podem ser suportáveis ou não, mas, são, de toda forma, duras e podem repercutir por toda uma vida.

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