domingo, 13 de setembro de 2009

O nosso legado...



POR: POR PAULO ANDRÉ DOS SANTOS.

Uma vez li em um livro de um autor - que não recordo - que “a vida é muito curta para que haja tempo de arrependimento”. De certa forma, é com esse sentimento que fico após ler “Qual é a tua obra?”, de Mario Sérgio Cortella. Nesse escrito, o autor nos presenteia com algumas importantes nuances da gestão, da liderança e, sobretudo, da ética. São muitos os aspectos abordados, mas, talvez, o que nos revela mais substância é quando o autor traz a importância do significado que cultivamos nas coisas que realizamos, nas coisas que vivemos. O significado que atribuímos as coisas, segundo Cortella, é preponderante para a nossa autorealização e, consequentemente, para a nossa felicidade. E para ilustrar isso, ele nos traz o exemplo do bombeiro, que não ganha muito, mas, que, no entanto, exerce com afinco a sua missão, muitas vezes, arriscando, em nome da vida, a própria vida. Isso acontece, porque o bombeiro encontra significado no que faz, encontra inspiração. O bombeiro sabe, como diz Cortella (2009, p.68), que “A sua obra é muito mais ampla do que qualquer que seja a atividade que você realize em si mesma”. Nesse sentido, o autor levanta a importância do líder, seja nas relações cotidianas ou nas empresas, para ajudar as pessoas a se inspirarem, a encontrarem, também, um significado no que faz e a assimilarem a importância da busca pela excelência. Para isso, diz-nos o autor, que o líder precisa ser uma pessoa com visão, que, humildemente, proporciona as pessoas um ambiente que as ajudem a revelar, em âmbito individual e coletivo, o seu pertencimento, a sua sintonia, a sua sensibilidade e enfim, todo o seu potencial. Cortella afirma que liderança é uma questão de escolha e de aprendizado, portanto, qualquer um pode ser líder, em determinadas situações. Ainda para o autor, todo bom líder é sempre um bom ouvinte, sempre alguém que não perde a oportunidade de aprender com os outros, não lhe deixa escapar a chance de renovação de seus conceitos. E para que o líder, assim como, os seus liderados, consigam permanecer em harmonia, como atualmente se prescreve muito, é preciso trilhar o caminho da ética. Na última parte do livro, o autor nos revela o sentido exclusivo-humano da ética. Nessa parte, ele ressalta a importância da sustentabilidade nas relações do humano com os seus semelhantes e com todo o complexo vivo do planeta. Aliás, em certo momento da escrita, Cortella nos fala da nossa relação simbiótica com o planeta. Simbiótica quer dizer, a grosso modo, viver junto, conviver junto, num sentido mais social.Portanto, no livro, é destacado que quando em um dilema de natureza moral, as decisões são sempre de caráter individual, mas, as suas consequências implicam sempre, em maior ou menor grau, no universo coletivo. Atualmente, ouve-se falar em banalização dos modos, das transgressões, da violência. Durante a abordagem sobre ética, o autor faz questão de alertar para atentarmos para o perigo que representa tudo o que em nós ou, em nosso meio social, é concebido por normal. Por fim, o autor traz, de certa maneira, que o líder precisa ser uma pessoa íntegra, assertiva, exemplar no sentido mais poético da palavra e fonte de inspiração, de significado, de propósito, em um sentido mais objetivo, para os seus liderados. Afinal, lembra-te da tua obra, porque tu, esteja líder ou liderado, és mortal.

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