segunda-feira, 27 de abril de 2009

Para los nuevos pobres, el pan y el agua?

POR: ANDRÉ PAULO DOS SANTOS.

Según las proyecciones del FMI, dado el actual contexto de crisis económica mundial, de 55 a 90 millones de personas entrar en el rango de extrema pobreza. Esto significa el equivalente a poco más de dos veces la población de la Argentina, que en 2007 se estimó en 40,4 millones de euros, entrará a la lista de miserables. En todo el mundo, aproximadamente 1,3 millones de personas que ya viven en esta situación. Es decir, una cuarta parte de la población mundial está en la pobreza. ¿Esto te algo? Así, inevitablemente, que son empleados que se estarán preguntando: "¿Qué hago con ella?". Usted no puede darse cuenta de una cosa: muchos de estos han sido miserables en las mismas condiciones que usted. Tenían casa, el empleo, el plan de salud, escuela para los niños así. La crisis actual es el resultado de la falta de control en las cuentas del imperio económico. La disparidad entre lo que podía comprar y lo que podría pagar en los Estados Unidos dio lugar a grandes epidemias fóbica ya existía en el acto de consumir. Incubados con el virus ya en la economía, la reacción de la gente fue sólo el más temerario y las actitudes inconscientes de la reserva en cuanto a consumo, en una situación desesperada para crear un "pie en la mitad" para tiempos difíciles. El resultado no tardó en mano. Como la vacuna no se produce a la crisis de consumo, que es el consumo personal, el miedo a la propagación del consumo continuado y dejar víctimas en otras partes del mundo. El mercado liberalizado y el intento de suicidio en el momento, está siendo tratado en la Unidad de Cuidados Intensivos (UCI). Sin embargo, los médicos todavía se inyectan esperanza de recuperar el mercado, pero advierten que habrá consecuencias. Es en este punto que entre los nuevos miserables. Ellos fueron escogidos en forma de grasa que se vayan a desechar, como supéfluo, el exceso de peso que debe ser tirado por la borda. Ser sacrificados debido a un problema que no, en nombre de la supervivencia del mercado. Hacer las mismas cosas deben verse de esta manera? Cosa como el destino, como algo escrito en las páginas de Emanuel? ¿Los trabajadores tienen que pagar por la misma crisis? Es, de hecho, un mal necesario? Si es así, que el capitalismo morir! Sí, bueno, no lo necesitan.
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Em Português:

Para os novos miseráveis, pão e água?

De acordo com as projeções do FMI, diante do atual quadro de crise econômica mundial, de 55 à 90 milhões de pessoas entrarão na faixa da extrema pobreza. Isso significa dizer o equivalente a pouco mais do que o dobro da população da Argentina, que em 2007, foi estimada em 40,4 milhões de pessoas, entrarão no rol dos miseráveis. No mundo, aproximadamente, 1,3 bilhão de pessoas já vivem nessa situação. Ou seja, um quarto da população mundial está na miséria. Será que isso lhe diz alguma coisa? Bem, fatalmente, você que está empregado deve estar se perguntando: “O que eu tenho com isso?”. Talvez você não perceba uma coisa: muitos desses miseráveis já estiveram na mesma condição que você. Eles tinham casa, emprego, plano de saúde, escola para os filhos etc. A atual crise é fruto da falta de controle nas contas do império econômico. A disparidade entre o que se poderia comprar e o que se poderia pagar, nos Estados Unidos, gerou uma das maiores epidemias fóbicas que já existiram sobre o ato de consumir. Com o vírus já incubado na economia, a reação das pessoas foi justamente a mais inconsciente e inconsequente das atitudes, a reserva quanto ao consumir, numa atitude desesperada de se criar um “pé de meia” para os momentos difíceis. O resultado não demorou a calhar. Como não se produziu a vacina para a crise de consumo, que é o próprio consumo, o medo do consumo continuou a se alastrar e a deixar vítimas em outros lugares do mundo. O mercado desregulado tentou suicídio e, no momento, encontra-se em tratamento na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Apesar de tudo, os médicos ainda injetam esperança de recuperação do Mercado, mas, avisam que haverão sequelas. E é nesse ponto que entra os novos miseráveis. Eles foram escolhidos como gordura a ser descartada; como o supéfluo, o peso excedente que precisa ser jogado ao mar. Serão sacrificados por causa de um problema que eles não provocaram, em nome da sobrevivência do Mercado. Será que as coisas devem mesmo serem vistas deste modo? Como coisa do destino, como algo escrito nas páginas de Emanuel? Será que os trabalhadores tem mesmo que pagar pela Crise? É, realmente, um mal necessário? Se assim o for, que o Capitalismo morra! Pois, assim, não precisamos dele.

domingo, 26 de abril de 2009

A Dita-abranda: o melô poético da Folha de São Paulo.



POR: PAULO ANDRÉ DOS SANTOS.

Ao som de um meloso rebolado,
as tropas marchavam para a glória,
à frente de garotos indomáveis,
que gritavam e dançavam depois.

Ninguém mais teve notícia,
daqueles jovens agitados,
que queriam se expressar,
quebrando os vidros do tablado.

Eles eram só moleques, diziam.
Não serviam para nada.
Só faziam algazarra,
ao som da taquara rachada.

Esnobavam a ordem e o nosso progresso,
debochavam da paz estabelecida,
do silêncio que propomos,
para ouvirem a nossa orquestra homicida.

Tudo isso foi pouco,
Aos que nos fizeram fracassar,
Nós tínhamos a dureza de um pai,
Que por amor ao país, sacrifica o seu filho.

Filhos malditos! Eles deviam agradecer, eles deviam pagar.
Nós que cuidamos de tudo, os jogamos ao mar.
Derramamos o sangue da discórdia e bebemos à morte incômoda,
Comemoramos com regozijo nas conversas de bar,
Ouvimos estórias de Epaminondas, Giocondas, Calazar.
Desses aí, nunca ouvimos falar, nunca precisamos silenciar.
Apesar das mortes, apesar dos filhos perdidos, temos muito a realizar.

Alguns dizem ditadura, outros dizem revolução.
Não foi uma coisa nem outra, foi um tiro de canhão.
Foi glória, foi brilho, foi a maior expressão do nosso pavilhão.
Foi uma folha caindo, seca e branda, no chão.
Guiada por ligeira brisa, cheia de tranquilidade.
Nos trouxe a ordem, a disciplina, a civilidade.

sábado, 25 de abril de 2009

Brincando de ser do(e)cente

Por: PAULO ANDRÉ DOS SANTOS.

Quando saí professor da faculdade, à minha frente, encontrava-se um céu azul e nuvens brancas para contemplar. Era tudo verde, era tudo azul, era tudo bom. Eu tinha nas minhas mãos o vigor da esperança e na minha alma, o espírito de mudança. Eu acreditava seguramente que era possível transformar, eu tinha muita fé. Infelizmente, foi justamente quando comecei o meu fazer docente que os muros de minha fortaleza começaram a ruir. Eu chorei, iluminado pelas noites frias, a solidão do meu entendimento. Foram momentos difíceis aqueles em que vivi durante as minhas primeiras experiências na docência escolar. Por quatro anos, durante a minha vivência de vir a ser professor, na faculdade, eu fui percebendo os desafios que tinha pela frente. O que eu não contava, é que nesse caminho sinuoso e perigoso que eu deveria percorrer, não haveria sequer o consolo da cumplicidade. Não haveria ninguém – ou quase ninguém - que me apoiasse nas mudanças. Enfrentei resistências, fui julgado, açoitado e crucificado. Diziam que era só o começo, que ainda não conhecia o Sistema. Tinham a certeza de que quando eu o conhecesse, muitas de minhas opiniões iriam mudar. Então, perguntei: O que é o Sistema? Disseram-me que o Sistema era a forma e o conteúdo que permeava o funcionamento das instituições escolares. Diziam que eu estava preso ao discurso, que tudo que eu pensava era só teoria, que não valia para a realidade. Tudo isso, foi me provocando um desapontamento diante da escola. Aquele fatalismo que consumia as esperanças dos professores, assim como, o alcoolismo consome todo brilho das pessoas. Eu não aceitei o fracasso, não aceitei a entrega a um conceito derrotado de escola. Nunca aceitei o fazer de conta, nunca aceitei a indignidade. Foi por isso, que levantei, discuti, lutei. Precisava sacudir os outros professores, precisava tirá-los do efeito da anestesia. Antes de iniciar, no entanto, qualquer proposta de mudança, resolvi fazer uma autoanálise, resolvi aparar as arestas de meu proceder nas relações humanas. Procurei, primeiramente, aproximar-me dos outros professores de forma empática, procurei entender o processo histórico deles. Quando lhes consegui a confiança, depois de preparar o solo, comecei a plantar as novas sementes que possibilitariam a eles se deixarem arriscar por outros caminhos novos, saindo da velha trilha deixada por Moisés. Educação nunca foi brincadeira, pois, é grande a responsabilidade de todos na escola. Assim, o compromisso que todos devem assumir plenamente precisa se consolidado através de muita união nas ações de melhorias do espaço escolar. O discurso do fazer de conta que faço o que digo precisa ser substituído pela coerência estabelecida entre o discurso e a prática. Ou seja, se se propõe ou se prega algo, devemos ser os primeiros a dar o exemplo. O profissionalismo não deve estar dependente de questões estruturais deficitárias do Sistema de Ensino. O que for possível fazer, deve ser feito! A equipe docente e de gestão da escola, como também, os outros funcionários, cada um deles precisa ter em mente a importância do papel social. É relevante lembrar que a Escola é um lugar de formação de pessoas e, por isso, tem que ser um lugar-exemplo para a sociedade.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

O escândalo das passagens aéreas: mais um capítulo indecente no cenário político brasileiro.


POR: PAULO ANDRÉ DOS SANTOS*

Para os bufões da farra brasiliense, “Tudo está devidamente nos conformes”. Como cantava Cazuza, em sua música “O tempo não pára” (1988), <<...E assim nos tornamos brasileiros. Te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro. Transformam o país inteiro num puteiro. Pois assim se ganha mais dinheiro. A tua piscina tá cheia de ratos, Tuas idéias não correspondem aos fatos, O tempo não pára. Eu vejo o futuro repetir o passado...>> Mais de vinte anos depois, o “puteiro” já se faz vigoroso diante da concorrência, que não é mole. Enquanto o povo sofre as chagas do desemprego e da violência, lá, na Sodoma brasiliense, alguns (mas) engravatados (as), sem a mínima condição moral para estarem exercendo a representação do povo, promovem uma verdadeira farra com o dinheiro público. Triste a condição histórica do povo brasileiro, nesse sentido. Um dia, um garoto, muito expectador de um diálogo sobre política, me perguntou por que todo político é corrupto. Fiquei um pouco surpreso com a indagação desse menino de 10 anos, era novo e já carregava traços de fatalismo. Naquele momento, recusei prontamente essa idéia – e ainda recuso. Disse para o garoto que apesar de serem muitos os casos de fraudes envolvendo os políticos do país, existem pessoas honradas por lá – pode acreditar. Sei que é preciso uma lupa para enxergá-los, mas existem. E continuei ainda, dizendo que, em grande parte, a dinâmica do “deita e rola” dos políticos é também culpa da sociedade brasileira, que tarda a reagir. Nos últimos dias, depois de uma manobra politicalha para desmoralizar a operação Satiagraha, até então, comandada pelo delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz, que desmontou um esquema de corrupção envolvendo o banqueiro Daniel Dantas e políticos de vários partidos, o foco central das tribunas passaram a veicular o mais novo filho do culto à indecência, a farra promovida na Câmara dos Deputados, em Brasília. O imoral uso do dinheiro público, desta vez, foi a utilização (des)criteriosa e anti-ética, da cota parlamentar de passagens aéreas. Tenho clareza de que essa notícia – que se agrega a outras no dia-a-dia do reduto político brasileiro – são como um tapa na cara do cidadão trabalhador e contribuinte do Brasil. Infelizmente, grande parcela da população, muito por causa da pobre formação política, já está “zonza” com esses fatos e, por isso, torna-se impregnados de fatalismo. São contextos como esse que me fazem lembrar da música do cantor Gabriel, o pensador, “Até quando?” (2001), << Até quando você vai levando? (Porrada! Porrada!); Até quando vai ficar sem fazer nada? Até quando você vai levando? (Porrada! Porrada!); Até quando vai ser saco de pancada? Você tenta ser feliz, não vê que é deprimente, seu filho sem escola, seu velho tá sem dente. Cê tenta ser contente e não vê que é revoltante, você tá sem emprego e a sua filha tá gestante. Você se faz de surdo, não vê que é absurdo, você que é inocente foi preso em flagrante! É tudo flagrante! É tudo flagrante!... Até quando você vai ficar usando rédea? Rindo da própria tragédia? Até quando você vai ficar usando rédea? (Pobre, rico, ou classe média). Até quando você vai levar cascudo mudo? Muda, muda essa postura Até quando você vai ficando mudo? Muda que o medo é um modo de fazer censura>>.
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* Graduando em Pedagogia, na Faculdade Social (2006 - ), lê e escreve sobre diversos assuntos. Alguns desses textos estão disponíveis no sítio< http://pauloandrdossantos.blogspot.com/>

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Os amigos do chefe.

POR: PAULO ANDRÉ DOS SANTOS1.

- Quem são os olhos do chefe? Perguntou o palestrante à classe operária.

Um silêncio estrondoso se estabeleceu entre os trabalhadores que assistiam ao Primeiro Encontro de Operários. Evento pautado na discussão da luta operária.

- Quem são os ouvidos do chefe?

A partir daí um estardalhaço de vozes vinham da multidão.

- São os colegas Del diablo! Gritou um homem em meio à multidão.

Surpreso, o palestrante perguntou quem havia falado.

- Por favor, aproxime-se. Disse ao homem que fez tão enérgica exclamação.

Tratava-se de um cidadão venezuelano, da cidade de Carácas, capital do país. Veio ao Brasil para conhecer uma associação operária em Monte Gordo/BA. Depois disso, resolveu ficar no país, queria lutar junto aos trabalhadores pela emancipação do trabalho escravo no campo, que insistia em dilacerar os sonhos dos homens da terra.

- Como é o seu nome? Indagou o Palestrante.

- O meu nome é Ramires, respondeu o militante.

- Não é brasileiro. De onde você é Ramires?

- Eu sou cidadão de Carácas, Venezuela.

- Por que você acha que o amigo do chefe é também colega do diabo?

- Por que, geralmente, é assim: o chefe precisa saber quem “está” com ele e que “não está”. Assim, ele observa toda a sua população de subordinados, identifica aqueles que poderiam ser seduzidos com privilégios em troca de informações não menos privilegiadas sobre os companheiros de trabalho. O chefe, geralmente, quer saber quem não está “colaborando” com a empresa, ou, quem está incitando a insurreição dos companheiros para reivindicarem alguma melhoria nas condições de trabalho ou salários. Os amigos do chefe são, assim, os traíras da revolução, os colegas do diabo.

- Interessante, essa sua abordagem, Ramires. Você consegue delinear, muito bem, um dos obstáculos que dificulta o desenvolvimento da consciência operária, o fogo-amigo proporcionado pela sabotagem daqueles, que sendo integrantes da classe operária, não se comportam como tal, mas, como pequenos burgueses. Então, caros companheiros, militem não somente em relação às oportunidades de lutas para a classe operária, mas, também, com as possibilidades de sabotagens praticadas por companheiros de luta, contra a própria luta revolucionária. Esse é o nosso primeiro ensinamento: Vigiai além das montanhas, mas, também, dentro da sua própria casa.

Grande euforia contaminou a multidão de operários reunidos no evento. Muitos provavelmente, estavam se regozijando com a oportunidade de dialogar com idéias tão esclarecedoras. É bem possível, também, que, escondido na multidão, os amigos do chefe estivessem a assistir e a registrar a mobilização política que estava acontecendo no local.

Em tom provocante, o palestrante perguntou a multidão:

- Tem algum amigo do chefe aí?

A multidão respondeu, imediatamente:

- Não!

- E você, Ramires. Já era militante antes de vir para o Brasil?

- Não. Na verdade, eu tinha certa simpatia pelo movimento dos trabalhadores, mas, não participava ativamente, ainda. Ao não ser uma iniciativa que ajudamos a implementar na em determinados contextos da Venezuela.

- Quando e como você se deu conta de que era preciso aos trabalhadores lutarem para não serem dominados pelo medo do patrão e, para irem além disso, vencendo o medo de reivindicarem uma condição de trabalho e salários dignos?

- O meu pai era camponês, vivia em uma província a oeste de Carácas. Lá ele passou muitos anos trabalhando em uma fazenda de café. Recebia um salário de miséria e nós – da família – sofríamos com a subnutrição que nossa renda podia proporcionar, “comíamos o pão que o diabo amassou.” Foi assim por longos anos, até que um dia, em visita a uma cidadezinha adjacente, em plena praça pública, o meu pai foi presenteado com a maior lição política de sua vida. A princípio indiferente, mas, depois envolvido, foi tomado pelo espírito marxista exalado na boca de militantes comunistas. Na época, o meu pai nem sabia o que era comunismo – o que explica a sua indiferença no princípio. Depois de alguns instantes observando e escutando a eloquente voz do orador, meu pai foi varrido em toda a sua vida de sujeição a opressão sofrida durante anos na fazenda de café. Percebeu, naquele momento, que estava sendo maliciosamente explorado. Esse dia foi como um divisor de águas na visão operária de meu pai. Mal havia terminado o discurso, o meu pai foi ter com o grupo de militantes comunistas. Queria ajuda, queria informações, queria, a partir daí, mais movimento entre os trabalhadores do campo.

- Como você se envolveu nisso, Ramires?

- Na roda de discussões promovida pelo meu pai com os trabalhadores lá em casa de tempos em tempos, era um apelo dele que nós – a família – observássemos e participássemos dos diálogos.
- Ramires, o seu pai chegou a oficializar a organização trabalhista – no molde de sindicato, associação de trabalhadores, movimento, propriamente dito etc.?

- Como disse, o dia em que conheceu a esperança marxista, tornou-se um sonho para ele a instituição de uma associação de trabalhadores na cidade. Infelizmente, não houve tempo para que ele concretizasse esse sonho, contudo, não foi uma causa perdida. Quando atingi a idade adulta, eu e outros trabalhadores articulamos e implementamos a primeira associação de trabalhadores da cidade. Hoje, são pelo menos oito delas trabalhando pela causa operária na região rural da Venezuela.

- Vocês conquistaram algo, em termos de melhorias, para os trabalhadores do campo, nas regiões aonde foram instituídas as associações?

- Foram muitas as conquistas. O “patrão” sentiu a nossa força. Nosso trabalho, agora, é regulamentado por lei. Nós temos um teto salarial e uma carga de horária mínima estabelecida em lei, além de uma colaboração patronal com a nossa cesta básica.

- Muito bem, Ramires. Você acabou de demonstrar a nossa segunda lição de hoje para a conscientização operária: sem a politização e o movimento articulado para o empreendimento de lutas reivindicatórias a classe trabalhadora perecerá. Torna-se-á, assim, um amontoado de escravos, sem direito à água e ao pão que o suor dos trabalhadores derramam da boca do patrão. Não terão direito a terem direitos. O direito se faz com lutas e sem lutas não haverão vitórias para a classe operária.

Houve, nesse instante, um coro muito grande de aprovação dos trabalhadores em relação ao que estava sendo falado. O palestrante ouvia sair do seio da multidão solidárias afirmações como “É isso mesmo!”, “Precisamos lutar!”. A multidão se inflamava, era como sair de uma gruta muito possuída pela escuridão, hora depois de nela se confundir com a escuridão e o silêncio. Assim como ao sair dessa gruta é possível sentir o rasgar da luz em nossos olhos, a multidão presente ao Primeiro Encontro de Operários sentia-se abalada nos pilares da consciência de cada homem e de cada mulher, ali presente. Ser possuído pela consciência, depois de muitos anos, é como um fato digno da indignação, é como um chamamento para a revolução, para a ação de mudança, para a mobilização antes desnecessária em virtude da falta de significado.

- Bem, certamente, vocês já devem estar convencidos da necessidade de mobilização dos trabalhadores para que tenham garantidos os seus direitos e para galgarem novas conquistas ainda necessárias. No entanto, muitos de vocês, certamente, devem estar se perguntando: E o amigo do patrão, o que fazer com ele? Indubitavelmente, o amigo do patrão passa a se constituir em um inimigo dos trabalhadores, certo? Na verdade, em parte. O inimigo pode ser muito útil para os trabalhadores. Identificado o inimigo, a postura não deve ser de alarde, mas, de vigilância. É ter o inimigo sob a nossa vigilância do que à distância. Sob os nossos olhos podemos seguir os seus passos e fornece-lhe falsas informações, que talvez, façam com que ele enfie os pés pelas mãos. Com isso, ele certamente irá perder a credibilidade com o seu amigo – o patrão – que o destituirá de seus privilégios, se não fizer algo mais grave. O que irá estimular o traíra a se reconciliar com o movimento dos trabalhadores. E aí está a nossa terceira lição: aquele que não divide nem subtrai, pode somar ou multiplicar. Ou seja, o inimigo ou o amigo do patrão pode ser no futuro o nosso grande informante. Ele, possivelmente, com a experiência vivida com a escusa relação com o patrão, terá uma visão e uma compreensão de como pensa e de como age o patrão para descobrir algo sobre as investidas dos trabalhadores em prol da mobilização política.

A multidão demonstrou estar concordando tacitamente com a palavra do Palestrante. Uma das lutas que devem permear a discussão dos trabalhadores é justamente luta pela união sólida dos trabalhadores. É preciso que haja muita serenidade para perceber que as divergências não devem ser vista como algo negativo, mas, como uma oportunidade de diálogo mais profundo a respeito de temas pontuais das divergências.

- Antes de terminar com esse diálogo com vocês, agradeço aqui, em público, a presença de nosso companheiro Ramires, que muito contribuiu para a nossa compreensão do que é realmente luta e sobre a necessidade de organização articulada entre os trabalhadores pra que essa luta aconteça. Afinal, “Sozinhos somos apenas como um grão de areia no deserto. Uma vez unidos, no entanto, a nossa voz ecoará pela terra e serão em grande número os que nos darão ouvidos”. Essa é a premissa da ação revolucionária: A união em torno de uma causa comum, que beneficie não a indivíduos, mas, a categoria em que estes indivíduos pertence. A disputa política dos trabalhadores, para se tornar revolucionária, é preciso que haja – fora os conflitos de idéias, que é normal em todo processo democrático – um ponto de coesão central, um bem querer para todos os trabalhadores.

Foram dois minutos de aplausos ensurdecedores. Possivelmente, esse tenha sido para os trabalhadores da cidade de Monte Gordo/BA., a primeiro de uma série de movimentos bem articulados para a causa operária.

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*Os personagens e o cenário envolvido nesse texto são mera ficção. Qualquer semelhança encontrada no contexto seria grande coincidência.

1 Graduando em Pedagogia, na Faculdade Social/BA. Estuda e escreve sobre diversos assuntos.

África atual: caminhos trilhados, experiências vividas e a esperança de outro desfecho.*

POR: PAULO ANDRÉ DOS SANTOS;ELAINE CERQUEIRA; E RAFAELA BARBOSA.

A partir do encerramento da Segunda Guerra Mundial, com a diminuição do poder de centralidade européia e a derrota dos regimes nazi-facistas, os caminhos seguidos pelos países do continente africanos foram tão distintos quanto os seus processos de colonização.
No entanto, o processo de libertação das colônias africanas dos países colonizadores, começou, paradoxalmente, com uma exagerada subserviência às “cartadas” da economia internacional. Prolonga-se nesse momento histórico, um estado famigerado de dependência dos países africanos, apesar de seus imensos patrimônios naturais. Isso aconteceu devido aos problemas estruturais internos dos países africanos. A acentuada fragmentação do cenário político, o atraso tecnológico e a falta de capitais para investir na exploração das próprias riquezas se tornaram grandes obstáculos à viabilização da conversão dessas riquezas naturais em desenvolvimento econômico.

Nesse cenário de “necessitados africanos”, os Estados Unidos, com o objetivo primeiro de frenar a expansão da influência soviética no continente africano, decide sobrepujar a influência européia presente na África. Essa influência, sobre tudo, teve força até nas questões que envolvem o apoio a regimes racistas, que aconteceram marcantemente na Rodésia e na República Sul Africana. Houve ainda, a oferta, dos EUA, de ajuda econômica e militar aos países africanos.

Em contrapartida, esses países ficaram com o compromisso de conceder privilégios especiais para as empresas norte-americanas. A maioria das ex-colônias submeteu-se por tratados e acordos bilaterais com a antiga potência colonial ou com os EUA, referentes à cultura, à economia e a acordos militares. As principais fontes de instabilidade política da África, que resultou em conflitos, não se originam na disputa de “fronteiras étnicas”, mas nos interesses geopolíticos e geo-econômicos, tanto localizados, como potencializados por interesses estrangeiros.

Alguns países africanos, de ideologias anti-colonialistas e anti-imperialistas, associaram-se, de maneira muito aproximada, à União soviética e à Cuba, dois inimigos do processo de expansão capitalista. Esse marco assinala um momento de fragilização das já fragilizadas bases estruturais e políticas estabelecidas no continente africano.

Com o advento da Terceira Revolução Industrial, ou seja, o processo de automação tecnológica iniciado nos países desenvolvidos, trouxe um agravamento do quadro de dependência dos paises africanos. Os países africanos, muito endividados, tiveram, e ainda, tem muitas dificuldades para conseguirem a aprovação de empréstimos financeiros visando saudar os grandes débitos adquiridos. Uma coisa curiosa acontece nessa relação entre devedores e credores. É que os países africanos para conseguirem sair do quadro de dependência acabam por tornar-se ainda mais dependentes.

Isso se justifica, devido aos indicadores econômicos africanos, pois como se pode reverter esse quadro com a ínfima participação do continente africano na economia mundial, sabendo-se que sua representação é de apenas 2%? Além disso, os investimentos estrangeiros no continente africano não são muito animadores, ao contrário disso, são alarmantes. A África recebe somente uma parcela de 5% dos investimentos internacionais, o que comparado com a dimensão de sua geografia e população, é uma participação insuficiente para atender à sustentabilidade econômica do continente africano.

Atualmente, os meios de comunicação de massa mostram a África como se ela fosse uma série de acidentes e conflitos, pois apenas nestes momentos ela é subitamente lembrada. O “esquecimento” da África até recentemente também alcançava a pesquisa acadêmica que, com exceção de sérios e comprometidos pesquisadores, também projetava sobre o continente apenas as imagens do atraso, do exotismo e do pessimismo.




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* Síntese do texto “África contemporânea: dilemas e possibilidades”, de Muniz Gonçalves Ferreira. Elaborada para atender demandas avaliativas da disciplina de Educação Etno-cultural, do 4º semestre do Curso de Pedagogia, da Faculdade Social/BA., em 2007.



Referência:

Africa contemporânea: dilemas e possibilidades. Disponível no sítio <http://www.smec.salvador.ba.gov.br/documentos/africa_contemporanea.pdf.> Acessado em 10 de abril de 2009.