domingo, 26 de setembro de 2010

Proatividade estratégica.



Por: Paulo André dos Santos.

Há tempos atrás ser proativo era sinônimo de assumir responsabilidades. Uma pessoa com esse perfil, geralmente, agia com motivação e iniciativa, sempre que uma situação pedisse a solução de um problema atípico. Entretanto, equacionar situações problemáticas, em inúmeras circunstâncias, exige um dispêndio de consideráveis somas em dinheiro. Não raramente, gastos realizados para solucionar problemas ocasionava perdas sérias e, em alguns casos, irreparáveis, no potencial de investimento da empresa. Com isso, a capacidade de conservar a sustentabilidade e a autonomia financeira é afetada e, por fim, perde-se em competitividade, elevando o risco da não sobrevivência no mercado. Diante de uma economia globalizada onde a concorrência se faz cada vez mais acirrada, de modo que, indispensavelmente, maximizar os recursos financeiros torna-se um dos fatores críticos de sucesso do negócio. Nesse sentido, estar habilitado para “apagar incêndios” já não é mais suficiente. Ser proativo, nesses moldes, não garante o êxito de um empreendimento. É preciso atenuar os fatores que oferecem risco ao negócio. Para isso, é fundamental o desenvolvimento de um plano estratégico, que analise todas as variantes que impactam diretamente nos resultados do negócio. O problema, nesse sentido, existe antes mesmo de nascer. Com ressalva para casos fortuitos, relacionados a fatores externos à empresa, os problemas aparecem logo na fase de planejamento de um processo da empresa. Um planejamento mal feito já é mais de meio problema. Conseguinte, nesse contexto, o significado de proatividade precisa ser reconcebido, enriquecido, acrescentado pelo adjetivo da visão estratégica. Ou seja, ser proativo em consideração as demandas atuais do mundo empresarial, principalmente, em nível gerencial, deve ir muito além de possuir atitude. Ser proativo, na perspectiva atual quer dizer, também, possuir os pés no presente e com os olhos no futuro. Trata-se, não mais de uma proatividade focada estritamente na autonomia para a iniciativa, mas, de uma proatividade estrategicamente visionária, em que cada passo é pensado e planejado. Em suma, uma capacidade de ação e resiliência tal concebida, que permite um processo mais seguro e acertado de adaptação às mudanças.

sábado, 18 de setembro de 2010

O impacto das mudanças organizacionais nos stakeholders.




Por: Paulo André dos Santos.

Quando os ventos mudam de direção, é preciso ajustar as velas. Um navegador sabe muito bem disso. Sabe que para chegar ao destino terá que cuidar para que certos problemas não aconteçam. Semelhantemente, acontece no processo gerencial das empresas modernas.

Por uma questão de sobrevivência, torna-se um requisito ter uma visão de futuro e a habilidade necessária para equilibrar e conduzir o “barco” em direção ao caminho da prosperidade. Nesse mercado competitivo, é fundamental dominar a “arte da prudência”, ou, melhor que isso, é preciso consolidar o hábito de ser prudente. E ser prudente, na contemporaneidade, tem como um de seus pressupostos, a capacidade de adaptação às mudanças.

Toda vez que há uma mudança na concepção do ambiente organizacional, a depender do ritmo em que elas se procedem, o impacto pode vir a ser muito desastroso. São muitas as pessoas que podem ser afetadas de maneira direta, ou, indiretamente, por uma mudança no quadro organizacional de uma empresa. A essas pessoas, que podem ser de natureza física ou jurídica, costuma-se chamar, nos círculos de administração, de stakeholders.

Ou seja, todos os envolvidos que influenciam as ações e resultados da organização, e por eles são influenciados. Nesse sentido, cabe destacar, em termos de mudanças organizacionais, os colaboradores. Por que, junto a outros stakeholders do ambiente interno das organizações, são em muitos casos, os primeiros a serem afetados por esse movimento nos arranjos das empresas.

Conforme Hunter (2005) “...A mudança nos desinstala, nos tira da nossa zona de conforto e nos força a fazer as coisas de modo diferente, o que é difícil.”. Desse modo, pode-se inferir que o processo de mudança precisa ser conduzido de maneira criteriosa, cercada de muitos cuidados, para que as pessoas, inseridas no processo, sintam o menor desconforto possível.

Para atender a essas necessidades, a partir de uma visão sistêmica, é imprescindível aos gestores analisarem a conjuntura ambiental e, sobretudo, identificarem as atividades do processo organizacional que solicitam melhorias. Os problemas precisam ser identificados e sanados, preferencialmente, antes que venham a ser tornarem críticos.

Afinal, partindo da premissa de existe uma forte interdependência entre as áreas e as sub-áreas das empresas, ainda que a estrutura organizacional permita um confortável grau de autonomia das áreas, um problema crítico em uma área pode assumir um caráter epidemiológico, alastrando-se para outras áreas.

Um problema, originalmente, é sempre um problema, mas, isso não quer dizer que, sem ser submetido ao devido tratamento, ele não venha a se tornar uma legião de problemas.

Como exemplo disso, pode-se citar a questão do acesso a uma educação de qualidade. Uma pessoa que não teve a oportunidade de vivenciá-la terá, possivelmente, ao longo da vida, em decorrência disso, muitos problemas. É possível, que não terá facilidade para conseguir um emprego valorizado pela sociedade, que não terá acesso fácil a um plano de saúde de ampla cobertura. Entre muitas coisas, de maneira geral, as suas condições de vida serão muito limitadas.

Analogamente, pode-se levar em consideração isso, para o contexto empresarial. Ou seja, em termos de competitividade, uma empresa, por exemplo, que não consegue se estabelecer, não tem a sua marca valorizada. Nesse caso, possivelmente, terá dificuldades em firmar parcerias, para vender os seus produtos e para viabilizar-se no mercado.

As eleições e a culinária.



Por: Paulo André dos Santos
Para quem não captou o significado de cidadania, o momento sublime dessa condição está no pleito eleitoral. Participar das eleições votando pode ser comparado ao processo de preparo de um quitute pela cozinheira. Não basta colocá-lo no fogão e acender o fogo. Para que o quitute fique realmente pronto, é preciso mais do que isso. É necessário acompanhar o seu cozimento, regulando a temperatura e o tempo ideal, de modo que ele tenha o resultado esperado. Ou seja, espera-se que, se bem preparado, ele se torne um alimento saudável e saboroso. Analogamente, esse processo pode ser identificado na participação dos eleitores no processo eletivo dos representantes políticos. É preciso cumprir o dever de casa antes e depois de votar em um candidato a cargo político. Inicialmente, é preciso analisar a conjuntura das eleições, estudando os partidos políticos e os candidatos, dentro do contexto histórico e os seus discursos no momento pré eleições. Deve ser verificado que interesses os candidatos defendem. Isso é possível de ser feito através do acompanhamento do modus operandi, a respeito dos princípios legais e éticos. Em outras palavras, faz-se necessário, como cidadãos, fiscalizar as ações dos candidatos eleitos e identificar se estão cumprindo as promessas de campanha. Afinal, o resultado obtido ao longo de uma gestão governamental tem certa dependência do grau de amadurecimento político dos cidadãos. Se esse amadurecimento não está consolidado, as promessas de campanha estão propensas a sumir tão rápido quanto fumaça. Por outro lado, se em uma sociedade está consolidada no povo o sentido pleno do que é cidadania, o manjar estará pronto e a mesa estará farta e diversificada. O direito é sempre resultado das lutas estabelecidas no exercício da cidadania. Ele produz a cidadania e por ela é produzido. Os deveres representam o outro lado da balança. São a contrapartida que devemos oferecer para que os direitos de outras pessoas sejam viabilizados. Como deve existir no âmbito da culinária, para que a harmonia de ingredientes gere algo aprazível de saborear, assim também deve ser o exercício da cidadania, um equilíbrio constante entre direitos e deveres.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Linha de fogo.



Por: Paulo André dos Santos.

Dois pólos antagonistas, uma silenciosa guerra, um observador solitário. Ele não está muito longe do confronto. Na verdade, encontra-se mergulhado no confronto, dentro dele, no entanto, inerte e perplexo. Em estado de choque, somente observa os fatos, sem querer acreditar no que se apresenta a sua frente, não sabe o que fazer. Não sabe se corre, se grita, ou, se se esconde. Na linha de fogo, a vida dele é o que está em jogo, por isso, uma decisão precipitada por custar muito. As facções criminosas rivais trocavam tiros entre si, as pessoas corriam, fechavam os estabelecimentos comerciais e trancavam as casas. E o observador, ainda ali, imóvel, um alvo em potencial. Para não ser atingido, precisava sair dali rapidamente. Não havia aonde se abrigar por perto. Sobrava-lhe uma única alternativa: o esgoto. Estava bem em cima de uma tampa de bueiro. Ao levantar a tampa do bueiro, veio-lhe uma rápida reflexão, pensou nas circunstâncias. Curiosamente, justo no momento em que a realidade parece-se com o inferno, a única solução possível que lhe resta é o esgoto, onde geralmente, abrigam-se ratos e baratas. Por que a solução veio ironicamente de um local tão repugnante? E como não existia outras alternativas, não havia muito o que pensar. Dessa maneira, desceu rapidamente. Ainda dois dias depois do ocorrido, analisando a situação, recôndito em casa, o observador conclui que momento crítico vivenciado lhe rendeu um aprendizado: a solução para um problema, algumas vezes, virá do local menos provável. O convencional, nesse sentido, em uma situação de emergência, pode dar lugar à criatividade e ao improviso. Desse modo, até mesmo no sólo hostil podem frutificar belas idéias, seja pela emotiva intuição, seja pelo raciocínio lógico.

sábado, 4 de setembro de 2010

Capitalismo e intolerância.



Por: Paulo André dos Santos.

O capitalismo por essência é intolerante as demandas humanas. Competição e vitória acabam resultando em uma tragédia silenciada. Em um rol de mil pessoas, por exemplo, numa competição, somente algumas dezenas saem estasiados com a vitória. São eles os únicos que irão aparecer nas fotos. A grande imensa maioria são condenados à derrota e ao esquecimento. Como não se pode entender por injusto que o sorriso de alguns custa a frustração de uma grande quantidade de pessoas?

O espírito do capitalismo é a luta, a superação de outros seres humanos. Pior, não é, necessariamente, uma escolha, mas, muito mais, uma compulsória necessidade de sobrevivência. Que se nega a vencer é vencido por WO. Além disso, as condições de competitividade são muito desiguais, as oportunidades são desiguais. A intolerância de um Sistema alimenta e patrocina a intolerância entre as pessoas que estão subjugadas a esse Sistema.

Individualismo e consumismo, como pilares do capitalismo revelam-se como um câncer para a saúde das relações humanas. Os que tem capital para satisfazer os desejos de consumo não querem repartir com os que não tem. Os que não tem, condenados a consumir imagens pela Tv, sente-se humilhados, esquecidos, sem-valor.

O valor para os que estão inseridos na cultura do capitalismo é medido pelo que se tem e, infelizmente, não pelo que se é enquanto ser humano. Assim, dentre os excluídos surgem aqueles que não aceitam a condição de não ser, por que, para eles, não ter é essencialmente, não ser. Muitos deles, sem oportunidades de acesso ao "céu" (o mundo do trabalho e do dinheiro), acabam aceitando ser operários do crime, pois, muitas vezes, não conseguem enxergar outra opção, outra alternativa que lhes permitam sair do "inferno" em que se encontram (sem renda, sem comida, sem saneamento básico etc.).

Sabem muitas vezes, que esse é um caminho sem volta, mas, optam por ele ao invés de permanecerem onde estão: na "caldeira do diabo!"

O lugar em que se encontram, muitas vezes, não lhes permitem contemplar o "sol" e, desse modo, imersos nas "trevas", acabam se apoiando em qualquer coisa em que conseguirem encontrar à frente.

Assim, uma escolha, nesse contexto, não reflete, necessariamente, uma escolha.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

O banquete do faminto.




De pés atados,
Não verás o mar!

Andando pela cidade,
Entre cidadãos apressados,
Correndo, apertados,
Atenção é raridade.

Custa caro cinema,
Diário da vida real,
O ingresso é pão, é merenda,
Boa vontade alheia,
De alguém que se afetou com a cena,
Do mísero mendigo Sobral.

E das sobras ele vive,
De um resto escarnecido,
Do prato sujo do restaurante,
Que mais parece banquete servido.

Autor: Paulo André dos Santos.