sábado, 19 de abril de 2014

Do outro lado da rua.


Entre legal e ilegal,
Moral e imoral,
Certo e errado,
Bem e mal,
a linha e o ponto,
Tênue encontro-desencontro.

Quem está certo?
Quem está errado?
Dois pontos de vista.
Muito, pouco, talvez um bocado.

Será que estamos míopes ou onividente?
Lúcidos ou possuídos de loucura?
Ou seria nossa pobre visão embassada,
Névoas de uma sociedade obscura,
Ou ainda, nossa amargura.

O que seria mais certo ou incerto?
A precipitação de uma luta sem causa, ou,
A demência anunciada de uma causa sem luta?
Entre certo ou errado, vai variar.
O certo é que toda boa árvore traz consigo
as sementes  de bons frutos.

A menor distância entre opostos não é necessariamente extrema, mas tênue,
sem medida, sem régua, sem compasso.
Sem diferença significante, irrelevante,
Pensando bem, inexplicavelmente,
o igual pode ser diferente.

terça-feira, 15 de abril de 2014

Desacato à autoridade.


Na verdade, quase todo mundo sabe onde pisa, ainda que não dê muita importância ao que está abaixo da linha do horizonte. Todo mundo sabe, ou, pelo menos, desconfia qual deverá ser o lado da corda que irá partir primeiro. Para aqueles que ainda não sabem, basta lembrar a fábula mitológica do Gavião e do Rouxinol, descrita em Hesíodo. A estória que envolve dois entes distintos em sua fisiologia e natureza. Enquanto o primeiro é agudo e voraz, o outro é alvo de contemplação, sendo um dos símbolos da beleza do canto das aves, sendo porém uma presa fácil aos predadores. Por isso, na fábula, recomenda-se mais prudência ao mais fraco na relação com os mais fortes. Tal relação, entre fracos e fortes, são repetidas em nossa sociedade e são algumas vezes nítidas e em outras, mais difíceis de perceber. Quando nítidas, são marcadas muitas vezes pelo ritmo do comportamento arrogante. Nesses casos, algumas pessoas, por estarem ocupando uma posição ou um papel social de destaque na sociedade, sentem-se mais dignas, mais qualificadas, enfim, superiores às outras pessoas. É possível, por exemplo, que um magistrado, eventualmente, flagrado em determinada situação delituosa pela polícia ou por um simples cidadão, diga em tom hegemônico um “Sabe com quem está falando?”. A essência dessa mensagem, a grosso modo é: “Eu tenho mais poder do que você. Não será bom para você um enfrentamento”. O interessante, nesse contexto, é quando a pessoa não percebe que o poder evocado por ela, genuinamente, não é dela, mas da sociedade, que a ela confere, desde que para o cumprimento dos fins destinados e não para satisfazer o próprio ego. Ele não sabe, por exemplo, que a autoridade reivindicada por ele somente é conseguida com a legitimidade, ou seja, com o consentimento da sociedade. Quando tal pessoa evoca o “Sabe com quem está falando?”, é provável e lamentável, que essa pessoa não tem qualquer noção ou identidade com o papel social que, talvez, somente por um (des)capricho da vida, representa. No crime de desacato à autoridade, da qual reclama, ele é acusação e defesa, vítima e réu. Isso, por que sem saber, na verdade, acusa a si mesmo. Reivindicar para si o respeito à autoridade funcional em um contexto de situação pessoal é um desacato. Por: Paulo André

sábado, 5 de abril de 2014

Documentário: Lingua: Vidas em português.

Dirigido por Victor Moraes, o Documentário ”Língua: Vidas em Português”, utilizando-se da língua portuguesa como referência, abarca de certa forma sobre o dinamismo da cultura sob a perspectiva da língua.

Lançado no Brasil em 2004, a referida produção fílmica convida os espectadores para uma viagem aos países que fazem uso da língua portuguesa, revelando as semelhanças nos traços dos falares e suas peculiaridades, entre os povos que estão separados geograficamente, mas unidos pela língua.

Semelhanças e particularidades, por assim dizer, que testemunham o traço identitário da língua, bem como, o dinamismo o qual ela se encontra. Nesse sentido, pode-se afirmar que a língua é um ícone que reflete, de certa maneira, o resultado de intercâmbios culturais, com outros povos, com valores distintos, tradições típicas, modos de vidas diferenciados, etc.

Desse modo, conforme se pode perceber no documentário, a multiplicidade circunscrita na unicidade da língua portuguesa, dá-se, muito possivelmente, graças aos acontecimentos históricos que permitiram a efetivação da língua nas relações identitárias dos povos.

Em consequência disso, a Língua Portuguesa, concordando com a fala de Saramago, tornou-se um elo de ligação entre as ex-colônias portuguesas, mas, também um veículo de afirmação da singularidade própria de cada um dos povos.

Saramago, ainda relata, que a língua tem seguido uma tendência de “compactação” no estabelecimento da comunicação entre as pessoas. Exemplifica, afirmando que, talvez um dia voltemos a fase embrionária da língua, na época das cavernas, pois atualmente em uma mensagem são utilizadas menos palavras do que se fosse há duzentos anos atrás.

Em contrapartida, compreende-se que a língua tem, ainda, um papel indispensável na transmissão dos valores culturais e na preservação da tradição. De algum modo, pode-se afirmar, então, que a língua é simultaneamente um combustível para as mudanças e uma espécie de amuleto da tradição. Ao mesmo tempo em que ela dá voz às coisas novas, retira do silêncio os costumes, as crenças e tradições cultivadas ao longo da história.

A língua é livre, por mais que a tentem aprisioná-la! Não defende um lado, em específico; anuncia o passado e o futuro segundo suas particularidades. Enfim, refletir sobre a língua, a partir do referido documentário, é um passo importante para o reconhecimento da complexidade da língua, quanto à identidade e à diversidade que nela se inscrevem e se protagonizam.

REFERÊNCIAS:

Língua: Vidas em Português. Gênero: Documentário. Duração: 105 min. Lançamento (Brasil): 2004. Distribuição: TV Zero e Sambascope. Direção: Victor Lopes. Roteiro: Ulysses Nadrus e Victor Lopes. Produção executiva: Renata Pereira e Suely Weller. Co-produção: TV Zero, Sambascope e Costa do Castelo. Som direto: Paulo Ricardo Nunes. Fotografia: Paulo Violeta. Edição: Piu Gomes, Pedro Bronz e Victor Lopes.










RESUMO: As “linguagens” dos animais.



POR: PAULO ANDRE DOS SANTOS.


De acordo com o autor, os animais há muitos anos são alvos de estudos de pesquisadores. Tal fascínio não se restringiu ao campo científico. Através da produção cultural os seres humanos tem reforçado a crença na possibilidade de "humanização" dos animais. Entretanto, até os dias atuais, nenhuma pesquisa cientifica com animais foi capaz de fazer com que revelassem uma capacidade linguística suficientemente elaborada e complexa ao ponto de equiparar-se aos seres humanos. Desse modo, uma dos paradigmas que tais animais não conseguem superar é a incapacidade de se expressar sobre experiências do passado. Muito menos, sobre o futuro. Entretanto, tal como diz o autor, duas questões podem ser consideradas.  O fato de não alcançar o mesmo desenvolvimento linguístico dos seres humanos, não significa que os animais não articulem mensagens entre si. Outro dado é que o próprio conceito de linguagem é estabelecido segundo critérios arbitrários. É bem verdade, alguns animais tem o dom realizar imitações semelhantes às vocalizações de humanos, mas, isso não é o reflexo de um domínio da linguagem. Sem um estudo mais aprofundado, muitos poderiam dizer que os animais não dominam a linguagem humana em virtude de razões fisiológicas. Isso seria grande equívoco. O que lhes falta, conforme diz o autor, é a capacidade criativa, qualidade específica do ser humano. A exemplo do sistema comunicativo das abelhas, geralmente, os sistemas dos animais são de natureza fixa e inflexível, portanto, muito limitados. Em contrapartida, muitos pesquisadores, ainda nos dias atuais, despendem anos de estudos a fim de desvendar a linguagem dos animais, bem como, de comprovar que alguns deles podem até se tornar capazes de estabelecer uma comunicação com humanos. 

sexta-feira, 4 de abril de 2014

A assinatura e o carimbo.

De todos os ritos que realizamos dentro das instituições públicas, talvez, uma simples assinatura pode ser um pesadelo. São tantos os critérios, tantas são as exigências legais e humanas que uma simples necessidade de se carimbar ou assinar determinado documento, é capaz de fazer soluçar o mais paciente dos cidadãos. Como nossa máquina burocrática é enorme, categoria peso pesado, para executar qualquer movimento. Recentemente, tivemos conhecimento de casos que podem servir como um exemplo mais geral, tal como as obras públicas. Sabe-se que o Brasil foi anunciado como país sede da Copa do mundo faz aproximadamente quatro anos. Hoje faltam pouco mais de dois meses dos jogos. Muitos estádios não estão sequer prontos. Isso ocorreu, em certa proporção, à demora para o início das obras, que só começaram depois de dois anos. Por quê? Por causa da tal máquina burocrática. Somente o processo de licenciamento ambiental (L.A.), pode levar anos. Importante ressaltar que o L.A. é fundamental, mas precisa de um processo avaliativo mais curto e eficaz, enfim, menos burocrático. Outro exemplo que pode ser citado é o dos cartórios. Ir ao cartório é muitas vezes um martírio, somente suportado por quem gosta de sofrer, ou, por quem não tem outra escolha. Em alguns casos, no desespero ou não, as pessoas apelam para o "jeitinho brasileiro", infelizmente. Esse comportamento que é nefasto para a cidadania, encontra,) no descaso do poder público, uma brecha para se afirmar. E aí? Tudo fica negociável. A multa de trânsito, a vaga no estacionamento, o lugar na fila dos hospitais do SUS, a aprovação do aluno na escola, etc. Mesmo com tudo isso, nós enquanto povo, continuamos sentados em nossas velhas cadeiras de balanço.