Dirigido por Victor Moraes, o Documentário ”Língua: Vidas em Português”, utilizando-se da língua portuguesa como referência, abarca de certa forma sobre o dinamismo da cultura sob a perspectiva da língua.
Lançado no Brasil em 2004, a referida produção fílmica convida os espectadores para uma viagem aos países que fazem uso da língua portuguesa, revelando as semelhanças nos traços dos falares e suas peculiaridades, entre os povos que estão separados geograficamente, mas unidos pela língua.
Semelhanças e particularidades, por assim dizer, que testemunham o traço identitário da língua, bem como, o dinamismo o qual ela se encontra. Nesse sentido, pode-se afirmar que a língua é um ícone que reflete, de certa maneira, o resultado de intercâmbios culturais, com outros povos, com valores distintos, tradições típicas, modos de vidas diferenciados, etc.
Desse modo, conforme se pode perceber no documentário, a multiplicidade circunscrita na unicidade da língua portuguesa, dá-se, muito possivelmente, graças aos acontecimentos históricos que permitiram a efetivação da língua nas relações identitárias dos povos.
Em consequência disso, a Língua Portuguesa, concordando com a fala de Saramago, tornou-se um elo de ligação entre as ex-colônias portuguesas, mas, também um veículo de afirmação da singularidade própria de cada um dos povos.
Saramago, ainda relata, que a língua tem seguido uma tendência de “compactação” no estabelecimento da comunicação entre as pessoas. Exemplifica, afirmando que, talvez um dia voltemos a fase embrionária da língua, na época das cavernas, pois atualmente em uma mensagem são utilizadas menos palavras do que se fosse há duzentos anos atrás.
Em contrapartida, compreende-se que a língua tem, ainda, um papel indispensável na transmissão dos valores culturais e na preservação da tradição. De algum modo, pode-se afirmar, então, que a língua é simultaneamente um combustível para as mudanças e uma espécie de amuleto da tradição. Ao mesmo tempo em que ela dá voz às coisas novas, retira do silêncio os costumes, as crenças e tradições cultivadas ao longo da história.
A língua é livre, por mais que a tentem aprisioná-la! Não defende um lado, em específico; anuncia o passado e o futuro segundo suas particularidades. Enfim, refletir sobre a língua, a partir do referido documentário, é um passo importante para o reconhecimento da complexidade da língua, quanto à identidade e à diversidade que nela se inscrevem e se protagonizam.
REFERÊNCIAS:
Língua: Vidas em Português. Gênero: Documentário. Duração: 105 min. Lançamento (Brasil): 2004. Distribuição: TV Zero e Sambascope. Direção: Victor Lopes. Roteiro: Ulysses Nadrus e Victor Lopes. Produção executiva: Renata Pereira e Suely Weller. Co-produção: TV Zero, Sambascope e Costa do Castelo. Som direto: Paulo Ricardo Nunes. Fotografia: Paulo Violeta. Edição: Piu Gomes, Pedro Bronz e Victor Lopes.