"Um texto é muito mais do que um simples conjunto de palavras, é um organismo vivo, uma ontogênese, que carregam consigo visões, sentimentos e utopias". Autor:Paulo André Seja bem vindo!
sexta-feira, 28 de setembro de 2012
Leitura
...Nos anos ancestrais,
Lia-se com a alma,
Mergulhando no texto,
buscando tesouros em mares profundos.
A leitura era moeda,
Que comprava muito prestígio,
Retratados de tinta em telas,
distraidamente, leitores,
diante de uma platéia....
...Ao ler as palavras de um livro,
Mergulhei em mar profundo,
Onde encontrei algumas pérolas,
Esquecidas em meu mundo.
Na minha caixa de lembranças,
As chaves de minha história,
Que me fazem regressar para casa,
Onde esqueci guardadas,
a esperança de encontrar-me com a vitória...
(Paulo André)
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
RESENHA _TEM QUE SER BAIANO?
REFERÊNCIA: Tem que ser baiano? Gênero:Documentário. Diretor: Henri
Gervaiseau. Ano: 1993. Produtora: Alô Produções. País: Brasil. Cor: P&B. Duração:
32min.
RESENHA
Por: Paulo André dos Santos.
O filme documentário "Tem que ser baiano?" (1993), dirigido por Henri
Gervaiseau, ao ser analisado sob a perspectiva da Globalização e de seus vastos
Territórios estabelecidos, pode-se perceber que embora cada vez mais as pessoas
estejam conectas umas as outras, existem ranços que insistem em permanecer.
Toda essa movimentação de ideias e pessoas entre lugares tem demonstrado
ser insuficiente para diminuir a intolerância e a barbárie. Quer seja, na relação
estabelecida entre os países ricos e os imigrantes de países pobres, quer seja entre
pessoas advindas de zonas economicamente pobres para zonas concentradoras de
riquezas de um mesmo país.
Como explicitado no filme, a disputa se dá pelo espaço. Aliás, como infere Milton
Santos, "Espaço é poder". Assume diferentes conotações, desde o viés de espaço
urbano/rural, como também, no campo abstrato, a exemplo do mercado de trabalho,
que afeta tanto empresas quanto os trabalhadores.
Da mesma maneira que empresas batalham por espaço no Mercado, assumindo
posturas muitas vezes destoante dos princípios éticos, as pessoas também, em muitos
casos, revelam um comportamento mesquinho na disputa por um "lugar ao sol", no
mundo do trabalho.
Assim, ao refletir sobre o contexto do filme, constata-se uma clarividente
manifestação do Capitalismo Selvagem, pois revela-se o desprestígio dos valores
sociais, em detrimento de outros valores, que edificam e reforçam os pilares do
capitalismo. Tais valores se manifestam no seio social como culturas estruturantes do
individualismo, da competição, da "mais valia", do dinheiro e do poder.
A esse campo, soma-se as hostilidades contra "forasteiros" (como revelado no
filme), como por exemplo, aqueles estrangeiros que chegam para "roubar" empregos.
Isso, curiosamente, não se estende somente aos gringos, pois, no Brasil, em
determinadas circunstâncias, especialmente envolvendo aspectos econômicos, é
aparentemente imanifesta uma coesão nacional.
É possível dizer isso por que, ao que se apresenta no corpus social, denota-se a
ideia de que existem categorias de brasileiros (típicamente característica de uma
sociedade dividida em classes): os Brasileiros com "B" maiusculo e a dos brasileiros
com "b" minúsculo; um que sustenta e o outro que é sustentado, ou seja, um que
manda na dinâmica do país e outro que a obedece, um que come e desperdiça e outro
que passa fome.
Daqueles que estão próximos da pobreza, um grande parcela pode ser
caracterizado como sendo de origem do norte ou do nordeste, e, também, como
negros. A questão a ser levantada, no entanto, é: por que o eixo norte-nordeste é tão
pobre e o sul-sudeste tão rico? É obra do acaso? Certamente, que não caro leitor. Isso se dá em virtude de fatos históricos.
Então, sendo assim, qual a dignidade em impedir que se faça justiça ao
injustiçado? Como depreciar a busca de quem sai do norte-nordeste para tentar uma
melhor sorte no sul-sudeste? Como negar a importância que o povo do norte e
nordeste teve para o desenvolvimento do país? É dizer que não há espaço na vida
economicamente ativa do país para quem tanto contribuiu para o Brasil.
Como diz Freire (1975), retirar do opressor o direito de praticar a opressão é
como uma opressão para ele. Desse modo, ir em busca de um espaço que foi negado
ao povo do norte-nordeste é como uma opressão aos opressores, aos pertecentes ao
cone sul-sudeste, em especial, os paulistas.
Enfim, quem detém o poder, não quer dividí-lo. Com todos os problemas e
dilemas enfrentadas na região sul-sudeste, as dificuldades são sempre menores do
que o drama vivido diariamente no norte-nordeste, especialmente, nas regiões de seca,
aonde a vida não se vive, mas se resiste.
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