domingo, 23 de agosto de 2009

Coaching, por que faz bem.



POR: PAULO ANDRÉ DOS SANTOS.

Diante do ritmo intenso em que nos lançamos na vida cotidiana, ficamos muito restritos ao momento presente. Valorizamos de mais coisas que, se fruto de uma reflexão profunda, seriam consideradas sob um outro ponto de vista e nos levariam a tomar outras atitudes.

Quantas vezes nos arrependemos por atos que realizamos de maneira impensada? Quantas vezes violamos os nossos próprios valores, justamente, por termos sido dominados pelos impulsos? Nessas horas, quando nos damos conta, ficamos decepcionados com o nosso próprio eu, percebemos a fragilidade de nossas convicções.

Nesse sentido, torna-se necessário a nós educarmos a nossa mente para que venhamos a evitar certas circunstâncias. Para isso, antes de assumir qualquer posicionamento em nossas vidas, devemos nos perguntar se é válido seguir em frente, pesando o que se ganha e o que se perde em empreender determinados atos.

Dessa forma, não podemos deixar de cogitar a possibilidade de reagir de maneira diferente a uma situação que normalmente solicitaria um embate, um conflito. Ao lidar com pessoas, inevitavelmente, estaremos entrando em um universo complexo, diversificado, visto as diferenças de valores e crenças.

Imaginem se todas as pessoas tivessem a mesma opinião. Será que isso seria bom? Provavelmente, não. Pode parecer até paradoxal, mas, o conflito de idéias é quem proporciona o desenvolvimento humano. Não são as respostas prontas que movimentam o mundo, mas, as perguntas que as questionam. A questão, portanto, não é o conflito em si, mas, como conduzimos esse conflito, de modo saudável, sem provocar ressentimentos ou, de maneira traumática, deixando-nos levar pelos impulsos de agressividade.

Em face disso, temos que estar capacitados para lidar com diferentes situações que surgem em nossas vidas, principalmente, durante as relações interpessoais. Para que isso aconteça, não há solução mágica. O processo de automudança deve ser conduzido por cada um de nós e de forma gradual.

Hoje, vivemos muito em função de nossos resultados. Reclamamos das dificuldades enfrentadas no dia-a-dia, seja na área profissional, seja em nossas vidas pessoais na relação com os outros. Muitas vezes, atribuímos aos outros o mérito pelas nossas atitudes, pelo nosso fracasso, mas, será que esse é o melhor caminho?

Foi buscando responder a isso que surgiu o Coaching, pensando em uma proposta que ajude as pessoas a conseguirem melhores soluções para os problemas vivenciadas no cotidiano. Por isso, o Coaching possibilita às pessoas atingirem realizações uma melhor qualidade de vida.

Depois de se permitir instrumentalizar pelo Coaching, as pessoas podem atingir objetivos pessoais, conquistando mais satisfação e elevação de auto-estima. Tudo isso é possível graças a um processo de estímulo ao autoconhecimento e ao desenvolvimento da inteligência emocional.

Quando esses processos são finalizados com êxito, nós percebemos que não existem várias possibilidades, portanto, várias escolhas que determinarão o resultado de uma dada situação. E assim, escolhemos a opção que irá proporcionar o melhor resultado, conferindo-nos mais autoconfiança.

Com o Coaching, aprendemos a lidar melhor com os nossos medos e com as nossas limitações internas. Aprendemos, sobretudo, que temos qualidades positivas e negativas e que sempre podemos melhorar como pessoas e como produtores de resultados mais expressivos.

Mais do que ensinar, o Coaching nos ensina que existe sempre algo a aprender para suprir as nossas necessidades e para superar as nossas deficiências. A partir do Coaching, podemos perceber mais do que outras alternativas para a resolução de situações conflituosas, mas, sobretudo, perceber que podem existir maneiras melhores de estarmos conduzindo as nossas vidas.

REFERÊNCIAS:

O que é Coaching. Disponível em Acessado em 23/08/2009.
Coaching. Disponível em Acessado em 23/08/2009.
COACHING: UM COMPROMISSO COM RESULTADOS E REALIZAÇÃO. Disponível em Acessado em 23/08/2009.

Quando o microfone fala...




POR: PAULO ANDRÉ DOS SANTOS.

Quem detém o poder de representar, de dar voz, em razão da representatividade em que se reveste, para em essência, sintetizar os anseios das maiorias, são os representantes. No entanto, esse poder é ao mesmo tempo tão absurdo, pois, torna abstratos os representados, uma vez que não possuem voz própria, quanto é, também, legítimo, pois, ordena, organiza, direciona os discursos que, em tese, emanam dessas maiorias. O sujeito que detém o microfone, em representação a um determinado grupo, é, ao mesmo tempo o sujeito que ali representa e, legitimamente, a maioria representada nele.

O mistério do ministério é um desses casos de magia social em que uma coisa ou uma pessoa se torna uma coisa diferente daquilo que ela é, um homem (ministro, bispo, delegado, deputado, secretário-geral, etc.) que pode identificar-se e ser identificado com um conjunto de homens, o Povo, os trabalhadores, etc. O mistério do ministério chega ao cúmulo quando o grupo só pode existir pela delegação num porta-voz que o fará existir falando por ele, quer dizer, a favor dele e no lugar dele. O círculo então fica fechado: o grupo é feito por aquele que fala em nome dele, aparecendo assim como o princípio do poder que ele exerce sobre aqueles que são o verdadeiro princípio dele. [...] (BOURDIEU, 2007, p.158)


Ocupar, hoje, um cargo de dirigente, delegado, secretário etc., de uma representação sindical, seja em nível de federação, seja em nível regional, está, inevitavelmente, atrelado à ideologia de um determinado partido político, que, em razão da conjectura atual, defende, assume, atua em nome de interesses que favorecem, primeiro, à sobrevivência do partido, e, em segundo, à oportunidade de ampliar o seu leque de atuação, de influência, de poder. Por isso, Bourdieu (2007, p.185), revela que "Em política, <>, quer dizer, fazer crer que se pode fazer o que se diz e, em particular, dar a conhecer e fazer reconhecer os princípios de di-visão do mundo social, as palavras de ordem que produzem a sua própria verificação ao produzirem grupos e, deste modo, uma ordem social. [...]". A promessa, assim, em um segmento politicamente engajado, nem sempre irá se tornar uma realidade. Em nome da mobilização das maiorias recorre-se, muitas vezes, à alienação destas, em via de garantir o efeito que se deseja, ou, de legitimar o que, no momento, não se justifica.

O contraditório nisso, ocorre, quando quem deveria representar, quem deveria defender, quem deveria ser o fruto dos interesses das maiorias, defende, para decepção das maiorias, a expressão dos próprios interesses, é, não mais o representante, mas, nesse instante, representa a si mesmo.

"O desenvolvimento normal da organização sindical geral resultados inteiramente opostos aos que tinham sido previstos pelo sindicalismo: os operários que se tornaram dirigentes sindicais perderam completamente a vocação do trabalho e o espírito de classe e adquiriram todas as características do funcionário pequeno-burguês, intelectualmente pervertido ou fácil de perverter. Quanto mais o movimento sindical se alarga, ao abarcar grandes massas, tanto mais o funcionarismo se espalha" (GRAMSCI, apud BOUDIEU, 2007, p. 195).



Apesar disso, não resta outra saída aos representados senão investir em uma representação, mesmo que, às vezes, seja necessária negá-la, retirá-la da condição representante e pôr em seu lugar, outra representação. Isso acontece por que, aqui no Brasil como na maioria dos países, é ilegítima a manifestação de trabalhadores sem uma representação sindical. Os sindicatos são a voz dos trabalhadores, são a sua existência e resistência, e, quando em nome da causa trabalhista, mobilizam-se e mobilizam para a conquista ou a manutenção de direitos.

Ora, se os representantes, aqui, o sindicato, não estão representando os anseios das maiorias, cabe às maiorias assumir uma postura definir outras representações para si. Apesar do poder que emana do microfone, ele só se justifica pela crença e pela permissão das maiorias. A partir do momento que este poder simbólico cai em descrença, ele, inevitavelmente, deixa de existir.

Nesse sentido, é providencial que, para que isso não venha a acontecer, os indivíduos representados não se deixem cair na passividade, neutralidade diante dos representantes. É preciso exercer uma constante vigília a respeito das atividades e dos discursos dos representantes. A função das maiorias, em nome da preservação da sua representatividade é policiar as atividades dos representantes e, permanentemente, definir e exigir como quer ser representado.


Referência:


BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Trad. Fernando Tomaz (português de Portugal). – 11ª ed. – Rio de Janeiro; Bertrand Brasil, 2007.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

O Banquete da burguesia

POR: PAULO ANDRÉ DOS SANTOS*

Preço e mercadoria. Critérios muito considerados pelas grandes empresas ao se lançarem para implantação de um polo produtivo de serviços e produtos. Mão-de obra barata e qualificada, uma condição ideal que se viabilizem os investimentos - e os lucros. Assim, a força produtiva se converte em potencial de lucro nas lutas comerciais entre as empresas. Afinal, para manter a competitividade, as empresas estão sempre buscando reduzir os seus custos com a produção - o que envolve os encargos trabalhistas.

Trata-se de uma exploração "sangrenta" da mão-de-obra em prol da sobrevivência no mercado - meio predatório isso, não parece? Para que isso seja possível, contribuem com extrema falta de responsabilidade social os centros de formação profissional, que lançam anualmente aos mercados, em escala industrial, um considerável número de novos profissionais - sem que, necessariamente, o mercado esteja apto a captar toda essa massa de trabalhadores. O que acontece? A lei da oferta e da demanda entra em vigor, formam-se os reinos e as cabanas, não há lugar para todos no castelo.

Ou seja, os trabalhadores veem-se instintivamente obrigados a se "digladiarem" por uma vaga no mercado, já que não existem vagas necessárias para incluir todos na dinâmica produtiva. Isso coloca em condição de absoluto conforto os "cartolas do Mercado", pois, com tanta gente em busca de trabalho, pode-se criar uma espécie de "leilão das vagas", visando identificar os profissionais que aceitariam trabalhar por um salario reduzido. Quanto mais gente procurando o emprego, menor o salário.

Consoante, isso pode ser identificado que, com as privatizações realizados pelo governo do Brasil na década passada, os trabalhadores passaram a ganhar menos. O "Estado Mínimo" ou "Estado Neo-liberal", de acordo com os princípios do capitalismo, passaram a enxugar drasticamente a sua participação na vida das pessoas, o Mercado assume, então, o comando. Logo, começam a se realizar a produção industrial do cidadão multi-utilidades, ao mesmo tempo barato e competitivo. Barato por que é produzido em abundância pelas escolas de formação profissionalizante e competitivo porque, para manter a empregabilidade, vê-se obrigado a investir grande parte de seu achatado salário em processos de aprimoramento profissional, visando permanecer como um "produto" atraente para as empresas.

A vida produtiva torna-se assim, a vida social das pessoas. Viver para produzir, quem não está produzindo não está servindo nem como produto nem como possível cliente, são considerados um joio, um peso para a sociedade. De quem é a culpa disso? De quem é o mérito por indivíduos estarem desempregados? O Mercado, rezando a “bíblia” capitalista argumenta que é culpa dos indivíduos, por não se qualificarem ou não se empenharem no processo de qualificação. Ou seja, eles são uns derrotados e ninguém carrega a culpa disso senão eles mesmos. Esse é um posicionamento cruel em defesa da alta lucratividade das empresas. O desemprego faz parte dos interesses das empresas atuais - por lá, costuma-se chamar isso, cinicamente, de rotatividade.

Ninguém admite de quem é a culpa. O Estado se queixa da redução dos postos de trabalho por meio da modernização e, consequente, automação do processo produtivo, mas, ao mesmo tempo, contribui com programas de capacitação de trabalhadores do tipo plural, oferecendo-lhes uma formação geral, tornando-os versáteis para realizar tarefas e, em contrapartida, baratos, pois, como já dito, são produzidos em larga escala. O "Mercado" se esquiva das acusações e diz que não é dele a responsabilidade pelo desemprego, mas, do Estado, que exerce uma grande oneração por via dos tributos cobrados, obrigando as empresas a buscarem alternativas para reduzirem custos e permanecerem competitivas.

Além disso, legitimam a "lei da sobrevivência", em que elas estão obrigadas a se subjugarem para permanecerem vivas e, ao qual, os trabalhadores devem se inspirar para conseguirem a inclusão e a permanência na atividade profissional. Em meio a culpas e culpados, empresas e países tem se beneficiado em detrimento do lado mais "fraco", os trabalhadores. Um exemplo disso, é a China, um gigante que vê sua economia ter maior desempenho global, enquanto, o seu povo é submetido a uma condição de trabalho em muitos aspectos desvantajosa. Baixos salários, super-exploração e ausência de direitos fazem parte da rotina desses trabalhadores.

Ao estar a caminho da marca de dois bilhões de habitantes, esse gigante da Ásia se torna aos olhos dos Mercados um magnífico reino a ser conquistado, sua imensa população confere ao país um atrativo para os grandes mercados, que querem tirar proveito dessa especificidade.
O regime comunista da China, já faz alguns anos, que se ajoelhou com uma perna só para o Mercado, passando a conceber em seu sistema econômico o inédito Socialismo de Mercado - para os capitalistas, isso é um bom começo. É como se os chineses dissessem aos grandes empresários capitalistas: "Nós ganhamos, mas, vocês levam o troféu". Abrem-se, gradualmente, as portas dos templos aos investidores estrangeiros, de modo que, nos últimos anos, a China tornou-se, talvez, o maior canteiro de obras do planeta.

Em um único dia surgem novos edifícios do tipo arranha-céu, que abrigarão luxuosos escritórios executivos de mega-empresas. Quem paga isso? Ora, o lucro obtido através da criação de um sistema produtivo barato e competitivo, trabalhadores dedicados e mal-pagos. Afinal, cada um tem a sua parte no latifúndio - apesar de ninguém ser dono de terras na China.

Enquanto o governo detém a posse das terras, os grandes empresários estrangeiros ficam com o fruto precioso do setor produtivo - o dinheiro, e, os trabalhadores, bem, estes ficam com as migalhas que caem da mesa farta e suculenta do patronato. A burguesia moderna está cada vez mais voraz e egoísta. Os banqueiros tem lucros exorbitantes, os detentores do grande agronegócio querem todo tipo de subsídios, as fábricas escolhem o local do seu pólo produtivo considerando os incentivos fiscais e a estrutura logística oferecida pelos Estados (malha rodoviária, portos e aeroportos). Enfim, o Estado torna-se mais um refém na mão dos grandes mandatários do cenário global, as grandes empresas.

Com isso, a redução na arrecadação tributária somada aos encargos sociais proporcionados pela elevação do desemprego, o "Estado Mínimo", torna-se aos olhos de todos um Estado pequeno, frágil, impotente, falido. No Brasil, mais um agravante, o "fogo amigo", o Estado corrompido dentro de sua estrutura institucional, os interesses do Mercado são fielmente seguidos por quem deveria vigiá-lo, os agentes políticos.

A corrupção por aqui é histórica, mas, nessas primeiras décadas de redemocratização, assumem uma conotação ainda mais escandalosa, visível. Se é que se pode falar de escândalo, os casos de corrupção dentro da máquina estatal são tão rotineiros que fica até estranho se falar em escândalo - os brasileiros parecem estar tão domesticados a isso que a corrupção, talvez, tenha deixado de ser algo que mereça reflexão. É tudo que os grupos de interesses querem, eles querem "trabalhar" as fraudes sossegados, sem ninguém para vigiar ou, para julgá-los.