domingo, 10 de abril de 2011

Náufrago: um filme, um personagem, duas interpretações.




A tudo que pode ser interpretado, a partir de um ponto de vista, é costumaz às mentes que habitam este início de século XXI, negar a existência de outras possibilidades. Talvez, aprisionados pelo egoísmo e pelo egotismo, os indivíduos, que são via de conceito, viceralmente, interconectados entre si, negam a inegável vocação deles para serem sujeitos coletivos, interdependentes, portanto, carentes de convívio social.

Como indivíduos, ao avistarmos uma imagem, a descrevemos de acordo com nossas próprias implicações pessoais, fortemente, influenciada pelo meio social a que pertencemos. Quem vê um filme, o descreve conforme o lugar que ocupa, na proporção dos significados que o atinge e o conduz, ao dialogar com a imagem.

Ao assistir “Náufrago”, filme protagonizado pelo ator hollywoodiano Tom Hanks, pode-se germinar inúmeras idéias, que servirão para discussões sobre a lógica que norteia o cotidiano. Pode-se tirar várias lições de vida dessa dramática produção fílmica. Cada cena pode presentear uma pessoa, a depender do contexto, dialeticamente amplo e específico, em que ela se situa.

A tempestade, o desastre de avião, a ilha, o desespero, a solidão, a perseverança, assim como outros aspectos que refletem momentos do filme, podem ser tão pedagógicos quando as palavras de motivação, evocadas nas cenas iniciais.

Da mesma forma, pode-se dizer que o filme é multi-uso, em termos de abordagens, quanto a valores, atitudes e consequências dessas atitudes. O personagem de Tom Hanks vive momentos que podem servir de exemplos, que ajudam a ilustrar de um lado, o perfil estratégico de uma empresa, que no caso é a FEDEX. Como também, demonstra que um indivíduo, muitas vezes, ao se entregar à filosofia de uma empresa, acaba pagando um preço muito alto, na vida pessoal, social e afetiva.

Um homem dedicado ao propósito de eficiência da empresa, exímio controlador dos prazos de realização dos serviços, perde de vista, por muito tempo, o contato e o vínculo com amigos e com a noiva. Um colecionador de vitórias que sentiu o fel mais longo em que vivera.

Muitas adversidades ele passou, muitos aprendizados colecionou com isso. Foi dado como morto, foi simbolicamente enterrado. Naquela ponto desconhecido do oceano, inventou a vida, para que continuasse a viver. Construiu laços, fez amizades, tudo, para não perder a razão, deu espírito ao um objeto, a bola. A chamou de Wilson ( a sua marca), pintou-lhe os olhos, nariz e boca, com ele (Wilson), o personagem imaginário, solveu a dolorosa solidão. Com ele, reuniu forças para resistir, para lutar em prol de um sonho, voltar pra casa e reatar os laços sociais.