domingo, 31 de maio de 2009

A luz de teu caminho


POR: PAULO ANDRÉ DOS SANTOS.

Existe momentos na vida em que você se pergunta sobre a razão da sua caminhada ser tão dolorosa. Por muitos anos, a vida lhe impôs mais sacrifícios do que, propriamente, prazer e ócio. Hoje, você acaba de perceber que a sua vida inteira lhe foi tolhida a liberdade. Você foi disciplinado, doutrinado, educado, humanizado, dentro do que a sociedade lhe aspirava. Agora, você lembra que, logo na infância, você foi inserido na vida escolar, para aprender a ler e a escrever e, se obtivesse bom rendimento, poderia, mais tarde, vir a freqüentar a faculdade. Na escola, você aprendeu que tem que ser o melhor. Infelizmente, não no sentido humano da palavra, mas, simplesmente, melhor como números pragmáticos. Hoje, meu caro, você é um bom número. Tem carro, apartamento, plano de saúde, dinheiro no bolso e uma bela mulher. Tudo isso, no entanto, não lhe trouxe felicidade, por quê? Bem, talvez por que as pessoas mais importantes de sua vida ficaram para trás. Elas não conseguiram ser, aos olhos do pragmatismo, bons números. Foram separadas, tiradas de cena, excluídas, a fim de não comprometerem os bons resultados. Foram consideradas o joio na plantação, a praga que precisava ser arrancada. Nesse caminho que você tem percorrido, elas foram ficando para trás, uma a uma, até que você, finalmente, viesse a se tornar um andarilho solitário pelo caminho da vida. Agora, habitas na escuridão e na frieza de teu espírito. Teus velhos amigos...ó velhos amigos! Apesar de terem sido reprovados pelo pragmatismo, venceram na vida, pois, agora, estão felizes por que têm, pelo menos, um colo para se consolarem. E tu, quando precisares, encontrarás abrigo para a tua alma? Na verdade, meu caro, tudo tem um preço e você, como vencedor, agora, está só. E a luz de teu caminho findas lá atrás, para onde tu jamais olhastes. Você está triste pela vitória? É um preço alto a pagar? Ainda há esperança, ainda há como unir os cacos quebrantados. Voltas à velha morada com a humildade de quem não tem casa e reaverás a tua luz, terás de volta o teu brilho, acenderás a tua chama e terás de novo o suspiro da vida.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Um recado no Orkut...

POR: PAULO ANDRÉ DOS SANTOS.

Em uma fria madrugada de sexta-feira, enquanto a cidade de Salvador chorava os desastres provocados pelas chuvas, eu era o escravo mais celebre da insônia. Ouvia por inúmeras vezes a música crítica de Max Gonzaga, “classe média”. Enquanto isso, eu acessava aos meus recados no Orkut, futricando ali e aqui, nos perfis alheios. Os meus olhos foram se cansando da vista que se fazia à minha frente, as mesmas pessoas e a mesma falácia de sempre. Apesar de conectados ao mundo, a maioria das pessoas adoram criar um universo restrito em suas abordagens. Eu, infelizmente, estava incluído entre essas pessoas. De repente, um recado tosco, de muito mal gosto, que ainda, acompanhado de uma imagem necrótica, fez-me recobrar a consciência e a indignação. Mentes duentis, pensei a primeiro momento. Na verdade, não era isso. Era apenas um recorte da realidade, fatos que vitimavam a cidade naquele momento. Centenas de desabrigados, os sobreviventes náufragos do descaso, agora levados à evidência, pois, os repórteres vão aonde a notícia estiver. Não para promover mudança, mas, a fim de criar um atrativo midiático que possibilite a agência algum lucro. Fotos de corpos embalsamados pela lama das enchentes se tornam um troféu nas mãos de um repórter, ainda mais se já estiverem em decomposição. Notícia! Esse princípio e fim jornalístico é alçado à prioridade até as últimas consequências. O mais é valorizado é a vendagem, a audiência e o lucro auferido a partir disso. Já não é relevante pensar se é adequado ou não vincular determinada notícia, com esse ou aquele destaque, considerando-se a responsabilidade social embutida no fazer-notícia. O Sistema é bruto!!! Esbravejam alguns grotescamente na TV. Acabam potencializando o ódio e a violência, ao agirem dessa forma. Vão aos presídios para escarnecer dos recém chegados à ilha dos inadimplentes com a sociedade. O problema é que os inadimplentes, de acordo com o veiculado na mídia, geralmente, são os pobres. Descaradamente, omitem o dilema histórico desses sujeitos, submetidos desde a tenra infância a conviverem com(o) os ratos. Além disso, quando algum figurão é flagrado roubando dizem que é uma doença (cleptomania) ou qualquer surto psicótico. Se filho de doutor, quando usa drogas, é uma pobre vítima da depressão psicológica. Quando os tachados de filhos-de-ninguém pela burguesia são flagrados embebidos de alucinógenos, é uma pancadaria sanguinária. São chamados de vagabundos, mas, vagabundos por quê? Esse é um detalhe que não revelam em sua verdade. Eles criminalizam da pobreza como se a própria condição de pobreza já não fosse uma punição suficiente. Ao mesmo tempo em que uma dezena de coronéis desfrutam da posse, do (des)mando, de todo o dinheiro e das terras, uma galeria imensurável de pobres são explorados até a alma nos mecanismos de sub-empregos, sem pão, sem-teto, sem terra. Esse é o cenário, essa é a notícia que insiste em não ser revelada. Quando as chuvas desabam sobre a cidade, a insônia, de que fui parceiro nessa noite, passa a ser a detentora daqueles que, sem outro lugar no mundo, se vêem condenados a ficar em suas casas, penduradas nos penhascos dos morros. Enfim, é nesse lugar que se alojam os condenados à falta-de-tudo: saneamento básico, assistência médica, energia elétrica, educação, dignidade, cidadania etc.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Meu Deus do céu! Gandhi é brasileiro.

POR: PAULO ANDRÉ DOS SANTOS.

Quem diria? Quem pensava? Tenho certeza, ninguém imaginava. Nossa senhora do céu! Gandhi é brasileiro. Alguém com tamanha maestria, com tanto gingado, jogo de cintura, rebolado, só poderia ser brasileiro. Sentado à mesa de bar, disposto a relaxar, a brincar e a dançar, eu nada esperava, nada queria saber. Simplesmente, queria esquecer. Eu queria, êta! Meu camarada, era mesmo me espalhar. Aí, como que não quer nada, sem jeito, sem hora adequada, vem e me aparece um camarada. Êta! Que rapaz de proseado sô, de língua aberta, escancarada. Eis que me falou, o que ninguém cogitava. Seu nome era Gandhi, nascido em Cana Brava. Ele descia no chão, arrematava o canhão – que boca-de-espuma que nada – esse cara era o Gandhi, rapaz seresteiro, amigo do mundo inteiro, que não queria confusão. Aí, ele foi pra índia, atrás de uma brotinha, que o deixou arriado, amarradão. Depois, decepcionado, louco, atrapalhado, resolveu abrir em um declamado o seu coração. Não é que deu certo sô, a moça viu de perto, com tamanha comoção. Aquele homem franzino, pobre, pequenino, na frente de um canhão. Depois disso, você já sabe, pois, a história que contam aqui na cidade, como nasceu a liberdade, através de um homem de paixão. Pela paz, pela vida, salvo a ferida, que lhe cicatrizara no coração. Esse era o Gandhi, rapaz de Cana Brava, sabia onde estava, o que queria, o que lhe dava razão. Era um homem forte, também de muita sorte, no amor e na profissão. Estava empregado, ganhava bem, era agraciado pelo filho do patrão. Êta! Rapaz de sorte sô, ganhou um eco-esporte sem ter feito nada não. Andando pelas ruas, lá vai Gandhi proclamando a paz e o amor no coração. Decerto por isso, ninguém com compromisso, motivado pelo rebuliço, apareceu hoje à reunião. Estou eu aqui solitário, presente nesse plenário, sem quorum, sem operário, sem patrão. No entanto, sinto-me feliz, animado, extrovertido, sou amigo de um grande cidadão.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Decibéis em sala de aula


POR: PAULO ANDRÉ DOS SANTOS.

Salvador, a capital africana no Brasil, internacionalmente conhecida pelas festas populares e pelo patrimônio histórico e cultural, recebeu, recentemente, o título indispensável de capital mundial do barulho (2008), depois que as pesquisas realizadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) revelaram a alta incidência de poluição sonora em seu território.

Esse quadro pode, talvez, sendo influenciado pela “predisposição musical” que a cidade de Salvador abriga em seus bairros, principalmente, nos mais populares, uma grande quantidade de estabelecimentos, comerciais e não comerciais, que, devido à falta de uma fiscalização mais efetiva, promovem uma intensa e incômoda poluição sonora.

Geralmente, essa exacerbação nos níveis de poluição sonora tem como protagonistas os bares, além de casas e carros equipados com aparelhagem de som muito potente. Nesses dois últimos, existe até uma espécie de competição do espaço pela “soberania musical”.

Ao mergulharmos em outro espaço de socialização mais específico, mais precisamente, nos ambientes escolares, no entanto, percebe-se que existe um tipo de poluição sonora diferente, uma expressão viva das interações humanas, aonde muitas ricas experiências acontecem.
A escola, indubitavelmente, é um corpo de tecidos vivos. Nas salas, nos corredores e nas áreas de recreação é possível observar a vontade de expressão dos alunos, a ânsia de se afirmarem como sujeitos “próprios” e, portanto, autônomos.

Eles gritam, eles falam, eles brincam. Eles afirmam uma existência que, muitas vezes, a realidade lhes nega. A escola, nesse sentido, precisa se tornar, também, um canal de expressões, o palco dos talentos, daqueles alunos brilhantes, ocasionalmente, ofuscados pelo silêncio.

Conforme diz Nietzsche, não existe um ser, realmente vivo, que não possua “vontade de potência”, portanto, não existe ser que não esteja inclinado a ser e a poder. Paulo Freire, um dos maiores pensadores da educação, fez alusão a essa “vontade de potência” ao ilustrar o exemplo da jabuticabeira. Nessa metáfora, ele diz que por mais que se tente omitir o sol, da jabuticabeira, ela irá procurá-lo.

Transpondo esse exemplo para a condição humana, pode-se dizer que o sol é o conhecimento e, a jabuticabeira, somos nós. Nós estamos inclinados à saber, à curiosidade, por que, ainda de acordo com Paulo Freire, somos seres inconclusos. E ao nos percebermos inconclusos, nos lançamos em uma constante busca pela conclusão.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Diários da “papelada”

POR: PAULO ANDRÉ DOS SANTOS.


Esqueceram-me entre os livros,
Numa velha escrivaninha.
Apertada, empoeirada, suja.
Eu me sentia largada, sozinha.
***
Já fui a pedra da casa,
Já fui o olho do mundo,
Já fui os caminhos sagrados,
Agora, abismo profundo.
***
Rememo os tempos áureos,
Em que guiava os videntes,
Pelas trilhas da identidade,
Ao longe da escuridão latente.
***
Olhem! Situação minha, que me encontro.
Nesse papel mofo e rasgado.
Idéias apagadas pelo tempo,
Vestígios de um recente passado.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

A escola e o Mercado: sócios na produção da invisibilidade social

POR: PAULO ANDRÉ DOS SANTOS.

Você vai a um hospital, encontra tudo sujo, é mal recepcionado pelos funcionários e recebe a notícia de que não há médicos de plantão; você acabou de ser assaltado, vai a uma delegacia ou a um módulo policial, não encontra ninguém para te atender; você liga para a central de atendimento da operadora telefônica, o telefone lhe esquenta os ouvidos e a única resposta que você tem é uma mensagem gravada, que, geralmente, diz: “Desculpe-nos. No momento, todos os nossos terminais estão ocupados. Por favor, aguarde”. Nessas horas você pira, você reclama, você xinga até a mãe do Papa. No entanto, no dia em que seu filho chega em casa mais cedo, da escola, por que não teve professor para dar aula, ou, simplesmente, por que ele foi suspenso, você é capaz até de esboçar um sorriso. Afinal, que importância tem isso? Que importância terá alguns dias de aulas perdidas durante o ano letivo? Em uma sociedade em que as escolas são verdadeiras amas do Mercado, alunos são “preparados” no espírito para se tornarem força produtiva. Um enorme contingente de pessoas, que, futuramente, “lutarão” entre si para venderem mão-de-obra. E nessa dinâmica social, a escola escolhe os “lutadores” e o Mercado decide, através de critérios, ora técnicos, ora arbitrários, quem serão os vencedores. Aos perdedores, resta o esquecimento, o descaso, a invisibilidade social. E em se tornando invisíveis, quem se importa?

domingo, 3 de maio de 2009

Quem tem medo da Gripe Suína?


POR: PAULO ANDRÉ DOS SANTOS.


Por que tanto temor? Por que tanta mídia para a Gripe Suína? Será que essa aí pode vir a ser o grande vilão epidêmico do Brasil? Quem ganha com isso? Quem perde? A dimensão do problema que nos é apresentada é fato ou é especulação?

A grande mídia solta o verbo e diz que é um caso de Pandemia, ou seja, de uma epidemia de proporção mundial. Até o dia 29 de abril já haviam sido confirmados 505 casos de contaminação da Gripe Suína, em alguns países de continentes distintos. A imensa maioria dos casos de contaminação foi, no entanto, até a referida data, no México, com 400 casos e, em seguida, nos EUA, com 65. De fato, é motivo de grande preocupação, visto o risco proporcionado pelo fluxo intenso de pessoas viajando para outros países, contudo, temos que tomar o cuidado de não deixar as coisas chegarem ao nível da neurose.

O fantasma da gripe suína se protagoniza aqui no Brasil, justamente, no momento em outra doença vitimiza parte da população Brasileira, a dengue hemorrágica. Essa última, já mostrou sua cara e está em plena evidência, apesar do “IBOPE” que vem perdendo para a tal gripe suína, que a OMS resolveu batizar de “Gripe Influenza H1N1”.

Pode-se inferir que esse é um dos males da globalização, ou seja, não há somente o intercâmbio cultural e econômico, mas também, a veloz proliferação de doenças, que podem ser epidêmicas. Não seria o primeiro caso de Pandemia, a Peste Negra (1387-1450) dizimou um terço da população européia.

A gripe suína, que na verdade é uma mutação do vírus Influenza, quando acomete os porcos. Hoje, seria consensual dizer que porco gripado é motivo para ser queimado! Ao contrair a gripe do porco, os humanos contraem a denominada “gripe Influenza H1N1”, uma espécie de evolução potencial da Gripe Influenza, portanto, muito mais perniciosa, chegando a ser letal se não tratada emergencialmente.

É mais um ingrediente para acrescentar à indústria do medo. Aqui no Brasil já temos muitos desses ingredientes. Será que estamos destinados a viver eternamente sobre o jugo do medo? O medo, quando nos governa, nos impulsiona à inércia ou à ação débil. Muitas pessoas, atualmente, tem medo de tudo. Medo de sair às ruas, medo da multidão, medo da atual Crise Econômica Mundial, medo da miséria etc. Tanto medo da morte que acabam desenvolvendo o Medo da Vida.

Como referido antes, não é uma questão de desprezar as possibilidades da doença aqui no Brasil. O quero dizer é que não devemos sofrer por antecipação. Se for preciso, devemos comprar as máscaras, evitar lugares públicos, correr para o hospital em caso de qualquer suspeita, mas, isso não precisa ser razão para esvaziar as cidades antes de qualquer sinal claro de epidemia.

Quando se fala em doenças contagiosas é uma coisa que devemos investir nossa atenção. No entanto, muitos oportunistas se aproveitam da situação para fazer lobby, para fazer medo nas pessoas. Assim, eles podem vender mais o produto, o jornal, a revista. Temos que tomar cuidado com o sensacionalismo desenfreado que se desenvolve atualmente pela mídia.

Não quero desdenhar da importância da Gripe Suína, o que quero lembrar é que, aqui no Brasil, há ainda suspeitas de contágio, não existem casos confirmados, portanto, nada ainda de concreto. Não sofram! Não temam! Não se deixem contaminar pelo medo espalhado pela mídia.


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English*

Who's afraid of the Swine Flu?


Why so much fear? Why so much media for the Swine Flu? Is that there may be the great villain epidemic in Brazil? Who wins with that? Who loses? The size of the problem that we presented is fact or is it speculation?

The big media release says that the verb and is a case of a pandemic, or an epidemic of global proportions. So on April 29 had been 505 confirmed cases of contamination of the Swine Flu in some countries of different continents. The vast majority of cases of contamination was, however, until that date in Mexico, with 400 cases and then in the U.S., with 65. In fact, it is of great concern because the risk offered by the intense flow of people traveling to other countries, however, we must take care to not let things reach the level of neurosis.

The ghost of swine influenza is Starring in Brazil, specifically, when other disease victimizing the Brazilian population, dengue haemorrhagic. The latter, has already shown its face and is in full evidence, despite the "IBOPE" that is missing for this swine flu, the WHO decided to baptize the "Avian Influenza H1N1."

Can infer that this is one of the evils of globalization, ie, there is only the cultural and economic exchange, but also the rapid spread of diseases, which may be epidemic. It would not be the first case of pandemic, the Black Plague (1387-1450) decimated a third of the population.

The swine flu, which is really a mutation of the influenza virus, affects when the pigs. Today, consensus would say pig flu is cause to be burned! By getting the flu in pigs, humans get the "avian influenza H1N1," a kind of development potential of Avian Influenza, therefore, more pernicious, to be lethal if untreated emergency.

It is another ingredient to add to the industry of fear. Here in Brazil we have many ingredients. Are we destined to live eternally on the yoke of fear? The fear, when in government, drives us to action or inaction on the weak. Many people, nowadays, is afraid of everything. Afraid to leave the streets, fear of crowds, fear of the current world economic crisis, fear, misery etc. Both fear of death that eventually developed the Fear of Life.

As mentioned before, is not a question of discard the possibility of the disease in Brazil. The want to say is that we should not suffer for anticipation. If you must, must buy the masks, avoid public places, go to the hospital in case of any suspicion, but it needs no reason to empty the city before any clear sign of an epidemic.

When it comes to diseases is something that we should invest our attention. However, many opportunists take advantage of the situation to lobby, to fear in people. Thus, they can sell more product to the newspaper, the magazine. We must be careful with the unbridled sensationalism that the media is doing now.

I do not want to disregard the importance of the Swine Flu, what I remember is that here in Brazil, there is suspicion of infection, there are no confirmed cases, therefore, nothing yet concrete. Do not suffer! Fear not! Do not let the fear spread by contaminated media.

Pronomes de tratamento: meandros da relação entre líder e liderados.

“Não são os grandes planos que dão certo, são os pequenos detalhes”.
(Stephen Kanitz)


PAULO ANDRÉ DOS SANTOS.

Ao lidar com pessoas, o uso adequado das palavras é de uma importância fundamental e que muitas vezes é negligenciado pelos líderes de equipe. Sobre isso, diz Hunter (2004, p.18), “...É importante tratar outros seres humanos exatamente como você gostaria que eles o tratassem”. Ou seja, antes de falar aos liderados, o líder precisa se perguntar se ele estivesse na condição de ouvinte, como iria reagir diante das palavras que ele, como líder, quer derramar sobre os liderados.

A atenção, é nesse sentido, um dos requisitos essenciais para um saudável relacionamento com as pessoas. Temos que desenvolver o nosso potencial como ouvintes, pois, as pessoas gostam de dar opiniões, de fazer críticas e confidências, mas, antes disso, elas gostam de ter a atenção. As pessoas, às vezes, valorizam mais a atenção do que a solução para o problema delas.

[...] Fomos condicionados a acreditar que o brilho do ouro é que vai nos ajudar a construir equipes melhores, embora a história prove que as pessoas trabalham por algo mais que dinheiro e, na verdade, muitas vezes trabalham mais e melhor quando não são pagos, ao menos em moeda.
(JONES, 2008, p.52)


É muito bom para um líder ter o dom da palavra, porém, suas atitudes sempre falarão mais alto. Ouvir os liderados, valorizar as sugestões, estimular a participação, ajudar os talentos a se manifestarem é uma prerrogativa de todo bom líder. O lider precisa cuidar das pessoas, valorizar os liderados não somente como empregados da empresa, mas, principalmente, como seres humanos.

Qualquer um pode reunir, distribuir uniformes e chamar as pessoas de “time”. Mas quem já tentou de fato formar uma equipe sabe que é uma arte e uma ciência, e a melhor maneira de criar uma espírito de equipe é tratar seus integrantes como família. Família implica propriedade. Família denota autoridade. Família significa permanecer enquanto os outros vão e vêm.
(JONES, 2008, p.43)


A confiança dos liderados é o objetivo de todo bom líder, sendo muito difícil de se conquistar, no entanto, a depender das atitudes do líder, pode ser perdida muito facilmente. A confiança é o ponto sensível dos relacionamentos. E para que essa semente floresça, líder e liderados precisam se conhecer como se conhecem e se identificam pais e filhos.

Como os frutos de uma planta, a confiança entre líder e liderados tem que passar por um processo que envolve os estágios de instauração (nascimento), desenvolvimento e amadurecimento. E para que toda essa evolução – que é natural – aconteça, o líder precisa irrigar, constantemente, com valores as raízes dos relacionamentos; precisa jogar limpo, ser sincero e leal consigo e no proceder diante dos liderados.

A hombridade tem que estar introjetada na essência do líder. Sinceridade e lealdade devem permanecer até mesmo nos momentos de conflitos. Um líder não pode romper com esses valores, mesmo que isso implique em ter que enfrentar conflitos.

O líder tem que estar preparado e disposto a administrar os conflitos, tendo a serenidade para não conduzi-lo para o plano do pessoal-sentimental, abrindo horizontes para o surgimento de desavenças pessoais. Para que isso não aconteça, é preciso ter a sabedoria de evitar o estigma, os adjetivos pejorativos que podem violentar a relação de identidade entre líder e liderados.

O líder precisa respeitar a subjetividade, a maneira de pensar de cada pessoa, precisa compreender a diversidade dentro da unidade de seu grupo. Se isso não acontece, o relacionamento pode entrar em um processo de desgaste ou esfacelamento. Um relacionamento saudável é como um vaso de cristal, é precioso.

Conforme diz Hunter (2004, p.74), “...Para crescer e amadurecer, os relacionamentos têm que ser cuidadosamente desenvolvidos e alimentados”. A partir do momento em que inicia uma relação interpessoal é preciso ter em mente que existem momentos adequados para determinadas tomadas de posição, que muitas vezes, exigem um elevado grau de confiança. É necessário compreender que as pessoas são diferentes. Que mesmo que inseridas em contextos semelhantes irão apresentar, como diz Freire (1992), “visões de mundo” diferentes, portanto, opiniões diferentes.

Por mais que seja a intenção, não se pode mudar pessoas, mas, pode-se permitir que elas se visualizem e optem por mudar. Por que, ao insistir na mudança, corre-se o risco de se tornar antipático, incômodo. Na obra de Hunter (2004, p.44), tem uma referência interessante sobre isso. Ele diz que “...A mudança nos desinstala, nos tira da nossa zona de conforto e nos força a fazer as coisas de modo diferente, o que é difícil...”. O bom líder precisa oferecer as pessoas oportunidades de mudanças que favoreçam o autodesenvolvimento delas, pois, ...

Um grande líder encoraja os componentes de seu grupo a deixar de lado o que fazem mal e começarem a se dedicar àquilo em que são bons; e depois a se voltarem para as áreas em que seu desempenho é brilhante.
(JONES, 2008, p.138)


As ações do líder praticadas no ambiente de trabalho são como um espelho para os liderados – é no espelho que a gente se olha e se identifica. O líder, nesse sentido, deve promover um ambiente de bem-estar-organizacional que possibilite e incentive os liderados à mudança. É importante ratificar que o líder não pode criar a mudança, mas, pode criar um ambiente favorável para que as pessoas se sintam dispostas a mudar.

O movimento de mudança deve estar nítida até mesmo na postura do líder, é ele que deve carregar essa bandeira. Afinal, ele deve ser o primeiro a dar o exemplo. Com diz Hunter (2004, p.68), “...Todas as boas intenções do mundo não significam coisa alguma se não forem acompanhadas de ações...”. Não adianta propor idéias sem fornecer subsídios para instrumentalizá-las. A Teoria e a prática tem que evidenciar as mesmas possibilidades de aplicação, ou, pelo menos, de uma adaptação. Um bom líder precisa ser o exemplo e a mensagem, mesmo que, para isso, ele tenha que se içado, de início, à cruz.
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• Graduando em Pedagogia, na Faculdade Social. Lê e escreve sobre diversos assuntos. Alguns textos estão publicados no sítio .



Referências:

HUNTER, James C. HUNTER, James C. O monge e o executivo. Trad. Maria da Conceição Magalhães. Rio de . Trad. Maria da Conceição Magalhães. Rio de janeiro: Sextante, 2004. janeiro: Sextante, 2004.
JONES, Laurie Beth. Como despertar o melhor das pessoas. Trad. Marilena Moraes. – Rio de Janeiro: Sextante, 2008.