sábado, 25 de abril de 2020

Delírio e remorso: divagações sobre o "Crime e castigo", de Dostoiévsky



Por: Paulo André dos Santos.


Acabei de terminar a leitura de “Crime e castigo”, de Dostoievsky, após muitas idas e vindas nessa leitura, enfim, cheguei ao cume dessa maravilhosa montanha. Não se isso foi somente uma percepção minha, mas poucos livros me ofereceram uma construção atmosférica tão rica em detalhes e por tanto, tão verossímil. Devido ao estado de debilidade e delírio que afetavam constantemente o personagem central (Raskolnikov), fiquei, inúmeros momentos, “encharcado” pela dúvida - até agora estou (e isso é bom). Um dos fatos que me fez refletir bastante foi perda da memória recente que acometeu o personagem em alguns momentos cruciais. Juntado a isso, em um dos trechos culminantes da história, Dúnia se revela uma personagem distinta da imagem construída ao longo da narrativa e o seu momento de tensão com Svidrigáilov me fez acender a luz amarela, de forma que uma pergunta tenha emergido: “Apesar de todas as pistas que foram fornecidas pelo autor, seria mesmo Raskolnikov o verdadeiro assassino ?”. De quem terá sido realmente o castigo, senão do próprio Svidrigáilov, que se suicidara ? Apesar de Raskolnikov ter confessado o crime e ser condenado a clausura na Sibéria, não teria ele se libertado, enfim, da prisão em que tinha vivido até então? Por incrível que pareça, foi justamente na prisão que “Ródia” se libertara. Desse modo, fica a dúvida tão necessária ao pathos literário.





E então, você já leu o livro? Se você já leu, compartilhe as suas impressões fazendo um comentário.