domingo, 10 de julho de 2011

Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’s): oportunidades e ameaças para o gerenciamento de projetos.


Uma história recente...

Nos dias atuais, em que o tempo e a distância vem ganhando novos sentidos,com o advento das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’s), o mundo tem se tornado um território único, sem fronteiras.

Isso implica, necessariamente, em afirmar que, em nenhum outro período da história, as sociedades foram submetidas a uma dinâmica tão acelerada de inovações, no campo das ciências e das tecnologias. Nunca, na história, o conhecimento fora tão perecível. O que é novidade hoje, em termos de tecnologia, pode se tornar obsoleto em
poucos anos.

A velocidade com que a informação percorre o mundo, atualmente, é assustadora e, possivelmente, impensável, décadas atrás. O tempo, como referido antes, ganha novo sentido. O que levava, décadas atrás, por exemplo, em torno de dias, para que a informação percorresse todo o loop de canais de comunicação, atualmente, leva minutos, ou, até mesmo, segundos, para conquistar o mundo.

Tudo isso, dá-se graças à Internet, uma história recente e explosiva, que provocou profundas transformações nas relações sociais, mundialmente. A Internet teve como berço os projetos das forças militares dos EUA. Depois, passou a ser utilizada como meio de intercâmbio de informações entre os espaços acadêmicos, até que, tempos mais tarde, viesse a fazer parte do cotidiano das pessoas comuns.

Nesse período, os computadores ainda ocupavam prédios inteiros. Apesar disso, eram muito limitados. Foram evoluindo, ao longo das décadas, até os dias de hoje, onde é possível acessar informações da internet, através de computadores cada vez menores.

Nesse sentido, a Internet sofreu inúmeras mudanças, ao longo dos anos. A transmissão das informações que anteriormente somente poderia ser realizada sob a forma de textos, atualmente, permite que grandes volumes de informações sejam enviados ou recebidos por computadores domésticos.

Além disso, devido à evolução da tecnologia de infraestrutura de telecomunicações e da capacidade de armazenamento dos computadores, pode-se acessar a conteúdos pesados na Internet, tais como, vídeos e imagens, sem muita dificuldade. Hoje, produções fílmicas são baixadas, integralmente, em questão de minutos, ou, até mesmo, segundos.

O paradigma das novas tecnologias

Nos últimos cem anos, como exemplificado anteriormente, aconteceram muitos avanços tecnológicos. Sobretudo, na elaboração de dispositivos autômatos. Esse desenvolvimento da ciência no campo ta tecnologia, especialmente, tem provocado substantivas mudanças na dinâmica da sociedade. Foram muitos os segmentos que se destacaram nesse processo. O ramo das telecomunicações foi um dos segmentos que mais progrediu, em termos de desenvolvimento de tecnologias.

Conseguiu a proeza de integrar em aparelhos eletrônicos celulares serviços diversos, tais como televisão, rádio, internet, calculadora, agenda, etc. Na verdade, é até arriscado conceituar esse hibridismo de celular, que outrora estava restrito ao serviço de telefonia móvel.

Em contrapartida, toda essa evolução tecnológica tem servido de centelha para
discussões nos meios acadêmicos sobre o “outro lado da moeda” – o desemprego, a
exclusão social, os danos ambientais, etc. Além disso, junto ao processo de evolução
tecnológica, paradoxalmente, caminham sem destino e sem esperança, um exército de
famintos. Ou seja, ao mesmo tempo em que a humanidade evolui as suas ferramentas
tecnológicas, ela mesma se degenera, regredindo à condição de animalidade.

De que adianta potencializarmos as técnicas de agricultura, por exemplo, se o rol
de miseráveis e desnutridos aumenta devastadoramente. De que adianta, alcançar –
como país – um alto grau de riqueza, à custa da exploração e do empobrecimento da
grande maioria dos menos favorecidos.

Talvez, resida, justamente, nessa questão o paradigma da tecnologia: avançar,
como é típico da sua natureza, mas, sem deixar para trás os destroços da implosão
contínua da sociedade. A lógica de consumir a natureza de maneira voraz, deixando
como legado migalhas de desenvolvimento, precisa mudar.

Infelizmente, algo diferente, está longe de acontecer, já que os estudos em
tecnologia tem sido realizados muito mais por uma necessidade de expansão do capital,
do que, propriamente, por uma razão humanitária.

ERP: uma oportunidade ou um risco para as empresas?

Simultaneamente, a esse processo histórico de popularização dos computadores e da Internet, as empresas, a fim de melhor organizarem os processos, desenvolveram softwares específicos para a administração de recursos.

Mais adiante, foram encontradas formas de integrar esses softwares,denominados sistemas, permitindo a troca de informações entre eles. A idéia foi de criar
um sistema que servisse de enlace de comunicação entre os vários sistemas de uma
empresa. Hoje, chamamos esse sistema de ERP (Enterprise Resource Planning).

O ERP é um sistema macro, capaz de realizar a integração, entre outros
sistemas, que comumente, são chamados de módulos. Dentro do ERP, podem existir
sistemas (ou subsistemas) de ligados a atividades específicas dos departamentos, como
controle de estoque, compras, recursos humanos, etc.

Por possibilitar essa comunicação entre sistemas de diversas áreas de uma
empresa, o ERP é um sistema caríssimo. Pode-se dizer que ele tem um valor, em termos
monetários, que alcança cifras milionárias. É preciso muito dinheiro para que uma
empresa tenha esse sistema.

Outro aspecto, é que o ERP demanda muita organização para ser implantado em
uma empresa, por que ele necessita de pessoas com conhecimento técnico para operá-lo.
Isso requer que a empresa qualifique os empregados, o que exige disponibilidade de
tempo e de dinheiro.

Manejar com as Tecnologias da Informação em uma empresa pode representar
uma vantagem competitiva, ou, um obstáculo a isso. Ao migrar de um sistema para
outro, uma empresa também assume riscos que podem afetar, até mesmo, a sobrevivência no palco do Mercado. Por isso, mudanças dessa natureza precisam ser efetuadas com muito cuidado e de maneira progressiva, para evitar o máximo de transtornos possível.

O ERP, constituindo-se em novidade para uma determinada empresa, representa uma forma de TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação). Como tal, ferramenta
que é, precisa ser utilizada adequadamente, para não vir a se tornar um peso morto, no portfólio de ferramentas da empresa.

A integração virtual entre os diversos departamentos de uma empresa, se
realizada da maneira adequada, contribui para a redução de custos e para a agilização
dos processos, sejam do nível operacional, tático ou estratégico, da empresa.

A relação ambígua das Tecnologias da Informação e Comunicação com os projetos

Quando surge a necessidade de refletir sobre as ferramentas, requisitos e
restrições a serem politicamente adotados no processo de gerenciamento de projetos,
emergem questionamentos sobre quais ferramentas utilizar, quais os requisitos e
restrições a serem definidos para o plano de comunicações em projetos.

Isso, inegavelmente, tem uma relação direta com a estratégia desenhada para o sucesso do projeto. Nesse sentido, é necessária uma análise preliminar sobre os impactos positivos e negativos que tal tecnologia irá exercer sobre o projeto. Da mesma forma que a priorização de uma tecnologia mais moderna pode desencadear uma série de efeitos negativos para o projeto, a utilização de um modal tecnológico mais arcaico, pode surtir efeitos surpreendentemente, positivos.

A priorização de uma tecnologia envolve considerações sobre diversos fatores,
que precisam ser identificados na análise de preliminar, tais como a relação custobenefício, ou seja, o que será necessário investir para se obter tal tecnologia e qual(is) os ganhos que esse investimento poderá propiciar, assim como, os riscos envolvidos nesse contexto.

Dessa maneira, o uso adequado e contextualizado da tecnologia pode representar
ganhos significativos para os resultados do projeto. Através da tecnologia, bem
empregada, pode-se reduzir riscos, custos, aumentar a qualidade do produto, otimizar
processos e reduzir tempo de entregas etc. O inverso, cabe ratificar, também poderá
revelar um efeito oposto de mesma proporção.

A multa ou a morte?




POR: PAULO ANDRÉ DOS SANTOS.
As autoridades do trânsito dizem que os motociclistas precisam respeitar os limites da própria segurança. Falam que os motociclistas tem que respeitar o limite de velocidade, o uso capacete e os semáforos, etc. No entanto, fica difícil até mesmo para entender que muitos motociclistas desrespeitam a segurança no trânsito, em alguns casos, em prol da segurança pessoal e da moto. Em primeiro lugar, como é do conhecimento de muitos, transitar em determinadas zonas urbanas utilizando o capacete é um sério risco. Em comunidades, sobretudo, as dominadas pelo tráfico de drogas, agir com essa conduta é suicídio. Os traficantes mandam bala mesmo. Além disso, parar na sinaleira, a depender do horário e lugar, é pedir para ser assaltado e perder a moto. Nesses momentos, a aqueles que não estão habituados às leis arbitradas pelo mundo do crime, podem vir ao pensamento um dilema: a multa ou a morte? E essa escolha geralmente não admite erros, é melhor perder dinheiro com multas, ou, até mesmo perder a moto, do que perder a vida.

domingo, 10 de abril de 2011

Náufrago: um filme, um personagem, duas interpretações.




A tudo que pode ser interpretado, a partir de um ponto de vista, é costumaz às mentes que habitam este início de século XXI, negar a existência de outras possibilidades. Talvez, aprisionados pelo egoísmo e pelo egotismo, os indivíduos, que são via de conceito, viceralmente, interconectados entre si, negam a inegável vocação deles para serem sujeitos coletivos, interdependentes, portanto, carentes de convívio social.

Como indivíduos, ao avistarmos uma imagem, a descrevemos de acordo com nossas próprias implicações pessoais, fortemente, influenciada pelo meio social a que pertencemos. Quem vê um filme, o descreve conforme o lugar que ocupa, na proporção dos significados que o atinge e o conduz, ao dialogar com a imagem.

Ao assistir “Náufrago”, filme protagonizado pelo ator hollywoodiano Tom Hanks, pode-se germinar inúmeras idéias, que servirão para discussões sobre a lógica que norteia o cotidiano. Pode-se tirar várias lições de vida dessa dramática produção fílmica. Cada cena pode presentear uma pessoa, a depender do contexto, dialeticamente amplo e específico, em que ela se situa.

A tempestade, o desastre de avião, a ilha, o desespero, a solidão, a perseverança, assim como outros aspectos que refletem momentos do filme, podem ser tão pedagógicos quando as palavras de motivação, evocadas nas cenas iniciais.

Da mesma forma, pode-se dizer que o filme é multi-uso, em termos de abordagens, quanto a valores, atitudes e consequências dessas atitudes. O personagem de Tom Hanks vive momentos que podem servir de exemplos, que ajudam a ilustrar de um lado, o perfil estratégico de uma empresa, que no caso é a FEDEX. Como também, demonstra que um indivíduo, muitas vezes, ao se entregar à filosofia de uma empresa, acaba pagando um preço muito alto, na vida pessoal, social e afetiva.

Um homem dedicado ao propósito de eficiência da empresa, exímio controlador dos prazos de realização dos serviços, perde de vista, por muito tempo, o contato e o vínculo com amigos e com a noiva. Um colecionador de vitórias que sentiu o fel mais longo em que vivera.

Muitas adversidades ele passou, muitos aprendizados colecionou com isso. Foi dado como morto, foi simbolicamente enterrado. Naquela ponto desconhecido do oceano, inventou a vida, para que continuasse a viver. Construiu laços, fez amizades, tudo, para não perder a razão, deu espírito ao um objeto, a bola. A chamou de Wilson ( a sua marca), pintou-lhe os olhos, nariz e boca, com ele (Wilson), o personagem imaginário, solveu a dolorosa solidão. Com ele, reuniu forças para resistir, para lutar em prol de um sonho, voltar pra casa e reatar os laços sociais.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Namíbia, não!...




Por: Paulo André dos Santos.

Uma peça teatral, várias vertentes de um tema, no mínimo, polêmico. Dirigida por Lázaro Ramos, a peça intitulada de “Namíbia, Não!” coloca em cena um assunto que está em alta nos círculos acadêmicos, a questão da “afrobrasilidade”.

Nos últimos anos, as esferas governamentais tem aprovado projetos de inclusão e reparação social, que tem causado frisson quanto a sua real eficácia e objetivos.

Em “Namíbia, não!”, conta-se a história de dois homens de origem afrodescente que se vêem confinados em um apartamento, para não serem presos e deportados, ou melhor, reconduzidos aos países de origem, em cumprimento a uma medida provisória de “reparação social”, promulgada pelo governo brasileiro.

Nas entrelinhas dos discursos e das cenas que se constroem durante o ato teatral, pode-se identificar diversos aspectos, inclusive, históricos da questão da afrodescendência, ou, da “afrobrasilidade”.

Nos meios de comunicação, ao logo dos últimos anos, vários debates tem sido promovidos, a respeito das cotas para afrodescendentes nas universidades públicas brasileiras.

O tema é realmente muito polêmico e provoca divergências, uma vez que os não afrodescendentes tem reclamado, até mesmo, juridicamente, de preconceito e discriminação contra eles. Mas a proposta teve boa adesão das universidades brasileiras.

Muitos defensores da causa afrodescendente no Brasil, veementemente, afirmam que essa medida não é discriminatória, mas, reparatória, pois, cria a possibilidade de amenizar os efeitos do período de escravatura no país, que gerou uma espécie de apartheid social no Brasil.
Os negros, logo após a abolição da escravatura no país, ficaram excluídos de inúmeros direitos civis que possibilitassem quaisquer formas de inserção na sociedade. Na prática, foi como se eles tivessem sido considerados cidadãos de segunda categoria, sem direito à plena cidadania.

Livres dos grilhões da senzala, mas, escravos de uma prisão ainda maior. Assim tem sido o processo de longos anos desde o fim da escravatura. Como exposto na peça teatral, não tinham o direito de estudar, nem de votar, o que os perpetuou-os como escravos. Não a escravidão de outrora, mas, uma nova forma de escravidão.

Uma escravidão que não iria lhes permitir mobilidade social. Uma escravidão que os obrigavam a serem governados por aqueles que não os representam. Nessa escravidão, foram jogados e castigados até muito recentemente.

Em “Namíbia, não!”, o aspecto da identidade afrodescendente é evocado. Ser negro e reconhecer-se negro é uma dicotomia que tem sido construída a partir da negação da identidade cultural desde os períodos escravocratas.

Esse discurso sobre identidade, de certa forma, é um chamamento à comunidade afrodescendente do Brasil para uma reflexão sobre identidade étnica e cultural, (des)construídas historicamente.

RESENHA



REFERÊNCIA: SOMOS MARSHALL (WE ARE MARSHALL). Diretor: McG. Interpretado
Matthew McConaughey. País de origem: EUA. Gênero: Drama. Lançamento (EUA): 2007. Estréia no Brasil: 2008. Estúdio e Distribuidora: Warner. (DVD).



Por: Paulo André dos Santos.

No filme “Somos Marshall” (2008), conta a história de um time de jogadores futebol americano que saiu das ruínas para a glória. Uma equipe praticamente extinta que, a partir da mobilização coletiva, tornou-se competitiva e campeã.

Quando temos visão e conseguimos encontrar significado naquilo que fazemos, o crescimento é uma consequência provável. Quantas vezes as circunstâncias fizeram um sonho nosso cair por terra? Quantas vezes fomos frustrados por um resultado inesperado, que nos fez ficar de luto? Quando isso acontece, muitas vezes, mergulhamos em um abismo do qual nos sentimos frágeis de mais para sair.

Nesse momento, não é raro nos vermos como vítimas, como herança de uma tragédia. Toda a nossa existência antes da tragédia fica esquecida. Não importa se no passado tínhamos sido vitoriosos, a tragédia colocou isso além da nossa viseira.

Assim foi com Marshall. Um time de jogadores universitários que foi vitimado por uma tragédia de avião. O avião caiu e todos os jogadores que nele viajavam morreram. O único que não morreu foi um jogador que não havia viajado, por motivo de contusão. A Universidade Marshall ficou de luto. Acidade de Marshall ficou de luto. Uma nuvem negra a invadiu, apesar de, na verdade, ainda tenha se mantido preservada acesa uma pequena centelha de esperança.

E para que essa centelha crescesse e contagiasse a cidade, foi preciso um homem. Apenas, um homem. Para que na mais densa escuridão acendesse uma faísca de luz. Jack Lenghyel (McConaughey), sensível ao sofrimento da cidade, iniciou um processo de busca de parcerias para a reconstrução de Marshall. Liderou e coordenou um movimento em prol da reconstrução do time Marshall. Em prol, do resgate da autoestima e do orgulho dos cidadãos e cidadãos da cidade.

Nesse sentido, quantas vezes, também, somos resgatados por uma palavra amiga, por um gesto fraterno, que nos impulsiona, que nos dá novo ânimo? Assim foi como Marshall. Foi preciso que alguém assumisse o comando do quartel abandonado. Foi necessário alguém com “olho clínico” para identificar os talentos e, também, o espírito elevado para que incutisse no grupo um propósito,um significado para a busca que se engendrava, para que viessem a se tornar de fato um time.

Foi preciso, sobre tudo, alguém para sacudir a poeira dos escombros e para lembrar que ainda era possível alcançar a glória, na materialização de um sonho coletivo.
Na referida produção fílmica, é possível observar que, através da humildade, é possível alcançar a excelência.

Não é somente com a ajuda de estrelas que se erguem troféus, que se concretiza o
sucesso. Nem sempre é suficiente estar cercado dos melhores recursos. É preciso haver integração, comunhão, comprometimento. Ninguém faz nada sozinho, por mais individualista que seja a atividade.

Você pode até entrar em campo sozinho, mas, dentro do processo é possível encontrar pessoas que,também são fundamentais para que, ao entrar em campo, você possa desenvolver o melhor desempenho possível. No caso de um jogador de futebol, o sucesso dele é muito influenciado pelo desempenho do nutricionista, do preparador físico, do técnico, do presidente do clube, da torcida etc. A motivação dele, muitas vezes, está cercada de fatores que a elevam ou a colocam para baixo.

No filme “Somos Marshall”, o sucesso dos jogadores não foi somente um mérito de quem entrou, diretamente, em campo, mas, de todas as pessoas que fizeram parte desse projeto. O sucesso foi alcançado porque os jogadores, o técnico, o preparador físico, o reitor da Universidade Marshall, a torcida, a camareira, o massagista, enfim, por todos que contribuiram para que a vitória fosse possível, assumiram o compromisso de reacender a chama da esperança e de caminhar em direção
ao sucesso.

É o que acontece, muitas vezes em nossa vida. Sempre tem o técnico, a camareira, o preparador físsico, analogamente falando, que contribuem para que nós tenhamos êxito nas coisas que fazemos na vida. Infelizmente, nem sempre estamos maduros, com o espírito elevado, para reconhecer o valor daquelas pessoas que nos cercam e que contribuem para que possamos realizar um determinado propósito. Nem sempre vemos, nem sempre percebemos, aqueles que estão atrás do camarim, cuidando das coisas do espetáculo.

Em virtude disso, precisamos desenvolver a habilidade de enxergar as coisas de maneira sistemática, globalizada. Temos que nos educar para sermos “Marshall”, para sermos uma equipe coesa, consciente do sonho coletivo e do papel de cada um para que ele aconteça.

Ser “Marshall” significa pensar coletivamente, agir coletivamente, desejar atender anseios coletivos e sentirse realizado com isso. Quando a vitória coletiva chega, você infla o peito e diz bem alto “Eu participei disso. ... Eu estava lá. Eu joguei nesse time”... É nessa hora, que percebemos a grandeza da obra que ajudamos a construir.

O homem pensa, o homem idealiza, mas, nada, absolutamente, nada, se formos investigar minuciosamente, ele realiza sozinho.

domingo, 20 de março de 2011

Diálogos preliminares: o que é ser contemporâneo?




POR: PAULO ANDRÉ DOS SANTOS.

Ser contemporâneo... O que seria realmente isso? Uma discussão sobre essa temática é tão irremediavelmente complexa que muitas pessoas podem dizer, conforme o clichê popular, que “Só Freud explica”. Outras, preferem se arriscar por esses mares revoltos, levando em consideração variadas hipóteses.

É trilhando nesse caminho que conseguem manter-se com os “pés no chão”. Leituras que tenho realizado nos últimos anos tem me ajudado nos diálogos tecidos com os frequentes acontecimentos e transformações que se protagonizam diariamente nas formas de se pensar e de se agir no mundo.

As coisas mudam em um ritmo cada vez mais rápido e, para não perder o “bonde da história”, é preciso estar em contínuo aprendizado. Para Paulo Freire, considerado um dos maiores filósofos da educação, inclusive em nível planetário, o ser humano é por natureza incompleto, por isso, ele sempre está na busca de aprender e realizar coisas novas, para ampliar horizontes.

Nesse viés, ao trazer essa idéia de contínua busca humana pelo desenvolvimento, podemos ter como um reflexo da contemporaneidade os acontecimentos do passado, isto é, aquilo que já foi, em algum momento da história contemporaneidade.

No último século, por exemplo, pode-se ser perceber grandes avanços no campo das ciências, ainda que tais conhecimentos tenham, também sido utilizados de maneira inapropriada, negativa.

A partir desse contexto, é possível realizar uma reflexão sobre o que é ser-contemporâneo. Percebe-se, por exemplo, que a contemporaneidade é um movimento do tempo, que está acontecendo e sendo marcado por mudanças.

Leituras sobre contemporaneidade evidenciam-na colocando-a como sendo o gerúndio, o filete do tempo que denominamos de presente. Ela existe desde que o tempo é tempo. Ou melhor, desde que a humanidade passou a concebê-lo como tal. Ser contemporâneo aos olhos da atualidade, é dialogar com a realidade, de modo a conhecê-la da melhor maneira possível e assim desenvolver estratégias de adaptação/transformação aos/dos contextos.

Os dias atuais, ou seja, essa contemporaneidade viva em que nos situamos, refletem, conforme o pensamento de Sigmunt Bauman, os ares da pós modernidade, onde os diferentes dialogam entre si, transformando e se transformando a/pela dinâmica da sociedade.

Em meio a isso, bem e mal se misturam; verdade e dúvida adquirem um status equivalente de importância, o que faz com que, nos discursos proferidos pelos estudiosos mais sérios, nenhuma delas seja descartada.

Ao mergulhar criticamente em estudos sobre a globalização das economias capitalistas, assim como, as implicações desse processo, em inúmeras dimensões, a exemplo de Milton Santos, pode-se concordar de que há, até certos limites, um deslumbramento, sobretudo, patrocinado e alimentado pelas ideologias de consumo, que introjetam nas pessoas um mundo fabuloso, onde a ilusão parece ser palpável.

No entanto, através de estratagemas muito bem elaborados, os “agentes” do sistema capitalista, conseguem empurrar toda a sujeira produzida para debaixo do tapete. Conseguem a proeza de (re)significar a perversidade que praticam, tornando-a aceitável, normalizada, típica do cotidiano, fatalisticamente, inevitável.

Nesse sentido, através da perspectiva de Milton Santos, é emergente lutar por uma nova configuração para a Globalização. É preciso encontrar uma solução mais sustentável, ou, toda essa estrutura montada até os dias atuais, irá ruir e, provavelmente, em cima daqueles que se encontram deserdados das benesses do capital.

Isto porque, geralmente, na lógica capitalista, faz-se assim: privatiza-se os lucros e socializa-se os prejuízos. Na hora da crise, todos tem que ajudar.

Nesses momentos, o que se pode ouvir das autoridades governamentais é algo do tipo “pedimos a compreensão pelo momento difícil ao qual passamos”. Sem reconhecer que, num lance quase perpétuo, para a grande maioria, só existem momentos difíceis.

Ser contemporâneo, atualmente, é estar lançado em uma corrida desenfreada para conseguir acesso aos recursos, sejam eles financeiros ou culturais. Ser contemporâneo, implica em fazer parte de uma tribo, qualquer que seja a sua natureza. Significa estar em algum lugar dentro da geografia globalizada.

Estar em uma tribo, nesse contexto, significa seguir determinados objetivos, comportar-se semelhantemente ao grupo a que pertence, incluir-se ou excluir-se do mundo do capital. É buscar o conhecimento a fim de alcançar determinadas posições de poder, ou, simplesmente, sobreviver.

Ironicamente, nos dias atuais, em que a tecnologia se faz cada vez mais presente na vida das pessoas incluídas socialmente, por outro lado, aumenta cada vez mais a fila dos “refugos humanos”, dos desempregados e desabrigados das cidades.

Esse, sobretudo, é um dilema em que se encontra grande parte das cidades espalhadas pelo mundo.

Ao pensar em futuro mais adiante, é possível ficar horrorizado ao avistar no céu as nuvens negras da explosão provocada pelo colapso do sistema. E ser contemporâneo, enfaticamente, é pensar, hipotetizar e realizar projeções, como agora, do futuro. Talvez, essa seja uma das principais características dos habitantes dessa contemporaneidade viva, o olho voltado para o futuro. Não por uma questão de escolha, mas, pela exposição contínua a uma periclitante sobrevivência.

sábado, 19 de março de 2011

Folhas secas.



***(POR: PAULO ANDRÉ DOS SANTOS)***

Nunca mais o canto dos pássaros à janela,
Nem tampouco o cântico das cigarras ao anoitecer,
Coisa rara, nessa barulhenta cidade,
Onde os sons se misturam, todos falam e ninguém se comunica.

***

Nunca mais conversei comigo, apesar de conversar com o mundo pela Internet,
Hoje mesmo, meus vizinhos postaram um recado no meu Orkut,
O discurso falado, parece-me, em forte recessão,
Pais já não sentam à mesa com os seus filhos,
Filhos já não tem o mesmo respeito pela autoridade natural dos pais.
Assim, o mundo segue mudando, rumo à desordem e a falta de sentido.

***

Sou apenas passado, diante de um presente tão vazio.
Sou diferente, apesar de alheio à visão aos outros.
Sou uma sombra na agitada multidão,
Imperceptível ao olho clínico,
Que cego, surdo e mudo, soluça lamuriosamente,
diante da nauseante realidade,

***

O fútil ri descarado para o excluído,
Deixando na pia os restos de comida,
Consumindo tudo o que o desejo pode devorar,
Até mesmo sem precisar, não hesita em pagar.

***

Confesso que também perdi o caminho,
Nunca mais fitei a praia ao amanhecer,
Não mais vi o quebrar das ondas na areia,
Não mais, as águas do mar apagando promessas de amor.

***

Quanto valor perdemos, quanto perdemos em viver...
O céu, as estrelas, o sol, a chuva, tudo sobre o mesmo olhar vazio.
Somos a expressão de um sorriso sem graça
De quem ouviu uma piada de mau gosto e não teve coragem para falar...

***

Somos como uma árvore de folhas secas,
Pronta para morrer murchamente,

***

Tudo perdeu o sabor, as cores, a beleza esplêndida, esculpida pelo mistério.
Agora, deitados na sarjeta, convivemos resignados com a mediocridade.
Lamentando todos os dias, quando pisamos no chão, a perda da visão;

***

Estamos à beira da loucura, numa angústia solitária,
Contidos na criatividade apodrecida,
Respirando noites repetidas, ares pesados, ouvindo músicas de uma nota só.

domingo, 6 de março de 2011

Falta açúcar, sobra doçura.




Por: Paulo André dos Santos.
Nos ambientes coletivos do cotidiano, independente de suas naturezas e finalidades, dá para fazer um deguste muito diversificado. Há pessoas de todos os tipos. Há pessoas doces e amargas. Há aquelas que carregam consigo, no dia-a-dia, a suavidade das frutas frescas. Outras pessoas, por sua vez, aparentam grande satisfação pelo cultivo do azedume. Com olhar sisudo e uma postura embrutecida, realizam um enorme esforço até mesmo para manifestar aos colegas o desejo de um bom dia. É comum a essas pessoas que o dia esteja, rotineiramente, às cinzas, num incessante luto, como se houvesse uma indispensável necessidade constante de se chorar e de tornar o acontecimento trivial em uma catástrofe. Ainda bem que nem tudo é amargo. Existem pessoas que tem o sol dentro de si, que são iluminadas, tão agradáveis quanto o aroma das rosas. Geralmente, costumam transmitir bons fluidos a todos que lhes cruzam o caminho, energia positiva. São, quase sempre, capazes de contagiar de bom humor o mais indiferente dos cidadãos.

Segundos.



Por: Paulo André dos Santos.
Um dia, um minuto, um segundo. É o que pode durar uma decisão. Uma fração mínima, insignificante de tempo, que pode custar, muitas vezes, dias, meses, anos, ou, até mesmo, uma perpétua e indigesta consequência. Uma decisão precipitada pode render um exílio distante e desconectado das pessoas mais próximas. Pela insensatez cometida, amarga-se intermináveis castigos e perde-se de vista o que de há de mais precioso na vida, o propósito, a direção e a trilha da liberdade. Em segundos, as flores murcham. Em segundos, as ondas do mar esvai toda a beleza transbordante na areia. Tem segundos que valem por uma vida. Outros, é melhor esquecer. Em segundos alguém pode ficar rico, pode lacrimejar de felicidade ou, simplesmente, cair na mais severa desgraça. Muita coisa é passível de acontecer em frações de segundos. Coisas boas ou ruins. Pode-se ganhar, ou, desastrosamente, perder a dignidade, a saúde e, até, a vida. Em segundos, aproveitamos, ou não, a oportunidade de viver plenamente, de realizar proezas, de atravessar oceanos e alcançar sonhos distantes. Assim, a distância entre o que somos e o que podemos ser, está sujeita a ser determinada em questão de segundos.