quinta-feira, 25 de junho de 2009

Orgulho de ser Baiano!!!

POR: PAULO ANDRÉ DOS SANTOS.

Parece até jingle, mas, trata-se apenas do desabafo de um torcedor emocionado. Depois de muitos anos amargando o ostracismo no cenário futebolístico nacional, o Bahia ressurge das cinzas para a elite do Brasileirão. Com um time insinuante e determinado, o tricolor baiano se lança diante dos adversários com ímpeto de campeão. Não há tempo ruim, mando de campo ou torcida adversária. Dentro ou fora de casa, não tem pra ninguém. Até a presente rodada, foram 15 jogos de um invejável aproveitamento. Com 11 vitórias e 4 empates, invicto, o Bahia reina absoluto na liderança do certame de 2012, mantendo 10 pontos de vantagem sobre o segundo colocado, o time do Cruzeiro. Sei que já não temos o Bobô, o Charles ou o Beijoca, mas, atualmente, temos, em termos de equipe o elenco mais qualificado e equilibrado nos três setores de campo. Temos a melhor zaga, o meio campo mais aplicado taticamente e um setor de ataque de dar inveja aos times europeus. Hoje teremos mais uma partida no Pituaçu. Bahia e Palmeiras se enfrentam pela 16ª rodada do campeonato. O Palmeiras, que tenta sair da zona de rebaixamento, vem escalado com 3 atacantes. Melhor para o Bahia, pois, sabemos jogar melhor assim. Agora, a poucos minutos do início da partida, a fila dos ingressos, como já é tradição, está fazendo uma voltinha pelo estádio. Sobre forte calor e o desconforto da espera, a nação tricolor não desanima. Cantaremos “Êta! Bahia porreta” e sairemos do estádio eufóricos com mais uma expressiva vitória. Aqui na nossa casa, adversário não joga, nem dá pitaco. O “Baiaço” está chegando para dar o espetáculo que merecemos. A nossa vibração irá abalar as estruturas do time alvi-verde. Ele não suportarão a nossa pressão por 20 minutos, pois, após isso, show-de-bola com os pés, dentro de campo, e, com as mãos, no “olé” que vamos promover nas arquibancadas. Gritaremos: mais um Baêaaaaaaa!!! O mundo todo sentirá a vibração de uma torcida que ama o seu time, que sente o orgulho de ser baiana e que não arredará o pé do estádio até que a vitória esteja consolidada. Eram cinco e quinze da manhã, quando o relógio despertou. Tudo foi um sonho, um belo sonho. Eu estava encharcado de suor. Parecia que estava correndo sob forte sol na estrada... Vá entender. Com o ventilador ligado, eu não deveria estar tão aquecido e a casa é bastante arejada, de modo que, sobre isso, só tenho duas hipóteses: ou foi uma febre ou foi o ânimo de um torcedor em pleno sono.

domingo, 21 de junho de 2009

Respeitável público...

POR: PAULO ANDRÉ DOS SANTOS.

Que decepção. De salto alto, desfilando para a platéia, tecia movimentos mágicos com os pés, que deixavam boquiabertos e eufóricos a todos que lhe observavam. Todo o mundo queria fazer as mesmas acrobacias, todos queriam se achar de bola-cheia. Ele caminhava, corria, driblava todos os obstáculos, até que chegava ao momento da glória. Nesse percurso, todos os expectadores gritavam, torciam, jogavam junto, assumiam a co-autoria da obra de arte desenhada. Infelizmente, até os jogadores de futebol são vítimas do peso da responsabilidade e da fama precoce. Conquistou tudo tão cedo. Saiu de uma vida humilde em Porto Alegre para o glamour estrondoso na cidade catalã. Antes disso, estreante na Seleção Brasileira, ofereceu ao mundo um pouco do que estaria por vir. Deu espetáculo, show de bola, esperanças futuras de glória para a seleção canarinho. Alguns, até perguntavam: “Quem é esse menino?”. Chegou à Espanha arrasando os times adversários, inclusive, o principal rival do Barcelona. Foram pelo menos dois anos de sucesso e alegria na torcida. Muitos lances antológicos, muitas jogadas inacreditáveis, a torcida se viciou em mágica. Passado algum tempo, o menino de Porto Alegre, sem carregar no espírito a alegria e o sabor da conquista, foi se tornando normal, a sua mágica foi se esvaindo, que apesar de ser tão precoce, parece que durou milhares de anos, assim como o brilho das estrelas. Perdeu a motivação de jogar no time, já não tinha mais desafios naquele lugar. Decidiu ir para Itália. Foi se tornar um milanês. Entrou para o time do poderoso Berlusconi, o não menos poderoso Milan F.C. Jogou com Kaká, com Pato, pareceu que iria “bombar”, mas, isso não aconteceu. O técnico o lançou na reserva, ficou ali esquecido, desprestigiado, sem cor, sem mágica, sem vida. Para 2010, ano de Copa do Mundo, o mágico anuncia o seu desejo de voltar a brilhar com os amarelos da Seleção. É uma missão difícil para qualquer jogador de potencialidades normais, mas, para um mago da bola, é uma questão de mágica e de platéia. Afinal, o que é isso, companheiro? Para que tanto fatalismo se até os magos tem os seus dias humanos aqui na terra. O Ronaldo-fenômeno já mostrou que é possível dar a volta por cima. Quem sabe mágica e fenômeno se misturem para conquistarem a última gloria com a canarinho, quem sabe tal fenômeno não ajude um mágico a recuperar os seus poderes. O povo brasileiro quer mais do que vitórias, quer ver espetáculo dentro das quatro linhas. Temos melhores jogadores do mundo, por isso, queremos o melhor futebol, também. Respiramos arte e pela arte vivemos. Em 2010, no entanto, independentemente de mágica ou de fenômeno, de espetáculo ou de pragmatismo, nós, brasileiros, de fé e de samba, com toda alegria, iremos propiciar mais um glorioso momento do Brasil nos gramados.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

As flores que não te dei...

POR: PAULO ANDRÉ DOS SANTOS.

Tudo poderia ter sido perfeito. Amor, amada e amante coexistiam, completavam-se como se fossem as notas de uma bela melodia. Céu e mar, noite e estrelas, beijos e lábios, uma comunhão belíssima entre dois que formam um só. Ao ressuscitar os amores do passado, jazidos na memória e no coração, fica-nos, muitas vezes, a nostálgica sensação de que poderia ter sido melhor. Como diz a emblemática canção dos Titãs, “Epitáfio”, “...Devia ter amado mais...ter aceitado as pessoas como elas são...”. Ao rememorar o passado – que, em não raras ocasiões, nos é dolorido – sentimos o amargo fel do arrependimento. É triste passar “em branco” pelas páginas da vida, diriam todos aqueles que se esqueceram de viver. Algumas vezes, lamentamos as flores que não demos, as palavras que (não) dissemos, o amor que não revelamos, por medo, ou, simplesmente, por um ignorado egoísmo. As escolhas que fizemos, entendendo serem as melhores para a nossa felicidade, foram como assinaturas em um papel em branco. Donos de si, na verdade, não tínhamos o controle das ações, não tínhamos o olho nas consequências. Não percebemos, naquele momento, que eram muito frágeis as garantias e, que, notavelmente, haveria um preço alto a pagar. Agora, daqui do cemitério de Nossa Senhora do Ó, no Alto da Gameleira, avistando, abaixo, um viveiro de peixes, e, contemplando, ao longe, a imensidão do mar azul, damo-nos conta de que acabamos pagando o que queríamos com o que, na verdade, já tínhamos, a felicidade.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Violência escolar: as ambiguidades e conflitos entre escola e sociedade

POR: PAULO ANDRÉ DOS SANTOS.

Atualmente, nos meios de comunicações, a escola vem sendo alvo de críticas e denúncias sobre a precarização de seu espaço e de sua ação pedagógica. Enquanto isso, os profissionais da escola reivindicam melhores condições de trabalho e mais reconhecimento. São falas conflituosas que emergem da sociedade e do seio da escola, que demonstram a complexidade do problema.

A violência dentro do espaço escolar exerce papéis que se protagonizam e colocam em cena uma escola ambígua, uma vez que, criadora e criatura da sociedade. Uma escola vista sob o ponto de vista das vozes que ecoam na sociedade como seleiro da exclusão cultural, social e econômica, mas, que, dentro dos seus muros, os seus agentes educadores choram o descaso e a vergonha a que estão submetidos.

A escola revela, nesse sentido, uma espécie de vitrine em que se expõe, em que se denuncia o quadro social existente. No entanto, seria injusto culpabilizar tão somente a escola pelo atual cenário que permeia a sociedade, embora, a educação do contexto capitalista brasileiro tenha servido mais às demandas exigidas pelo mercado, do que para a construção efetiva da cidadania.

De acordo com Foucault (2005), a escola se utiliza de procedimentos ritualizados de seleção, vigilância, controle e exclusão. Sobre isso, o autor ainda relata que o exame é um aspecto emblemático que representa e denuncia a reprodução na escola dos mecanismos de seleção e exclusão identificados na sociedade.

Se fosse possível analisar a relação entre escola e mercado como se ambos estivessem na condição de cartolas de um campeonato de luta, poderia-se dizer que a escola exerceria o papel de selecionar os lutadores, e, o Mercado, os vencedores. Como não há espaço para todos no podium, o que resta aos perdedores? A desonra, a constante humilhação através do descaso, a exclusão dos meios de afirmação pela vida produtiva, a invisisibilidade social.

No entanto, quando se fala de escola no contexto de protagonismo na gênese da violência, é prudente ressaltar que ela é apenas a ponta do iceberg, ou simplesmente, a engrenagem mais notável de um sistema. É preciso, antes de tudo, evitar uma condenação prévia e, talvez, atribuir uma responsabilidade que não é exclusiva da escola.

Para compreender essa problemática é necessário um mergulho mais profundo nas estruturas, para ir além do Sistema de Ensino, como por exemplo, chegar a perceber possíveis influências do Sistema Econômico em que está inserido o sistema de ensino.

De acordo com Morin (2005), é preciso situar as palavras em seu contexto para que adquiram sentido. Desse modo, como dito anteriormente, não é possível se enxergar a escola sem compreender que ela está hierarquicamente submetida a um sistema, que por conseguinte, está subordinado a outros sistemas e que, finalmente, atende aos interesses de determinados grupos dominantes e, por vezes, às reivindicações de outras categorias da sociedade, economicamente, enfraquecidas.

A escola se comporta ora se comporta como vítima (do sistema), ora como algoz (de alunos). Professores precarizados pela falta de formação adequada, baixos salários, carência de recursos e materiais para a realização do trabalho pedagógico, tudo isso, demonstra que a escola é alçada frente a sociedade como "testa de ferro" do sistema de ensino, que por sequência, revela-se submisso aos interesses do capital estrangeiro.

Com isso, torna-se um grande desafio a busca do desvelamento das faces ocultas que se escondem por detrás da malha escolar. O problema da violência não é um sintoma exclusivo da estruturante rede escolar, mas, que, também, se vê influenciado por uma estrutura macro, que se sobrepõe a estrutura da escola, além das outras estruturas que, através de seus próprios interesses, busca influenciar diretamente no sistema de ensino.


MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. Trad. de Catarina Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya. Revisão técnica de Edgar de Assis Carvalho. 10.ed. – São Paulo: Cortez, Brasília, DF: Unesco: 2005.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. Petrópolis, Vozes, 1977.