sábado, 11 de dezembro de 2010

RESENHA

REFERÊNCIA: TROPA DE ELITE 2: O inimigo agora é outro. Lançamento: 2010. Atores: Wagner Moura, André Ramiro, Maria Ribeiro, Milhein Cortaz. Participação: Seu Jorge. Duração: 116 min. Gênero: ação. Estúdio Zazen produções. Distibuidora: Zazen Produções. Direção: Tiago Marques. Música: Pedro Bromfman. Fotografia: Lula Carvalho. Direção de arte: Tiago Marques. Edição: Daniel Rezende.



RESENHA

POR: PAULO ANDRÉ DOS SANTOS.

Maior sucesso de bilheteria da história do cinema brasileiro, o filme “Tropa de Elite 2”, traz uma perspectiva diferente da saga anterior. Aliás, como transparece o seu subtítulo (“O inimigo agora é outro”), a produção procura desmitificar e demonstrar que existe toda uma rede de poderes na relação de conflito entre polícia e crime organizado.

Protagonizado por Wagner Moura, o filme convoca à reflexão os espectadores, para a temática da violência, dos direitos humanos, envolvendo a polícia e o crime organizado. Ao mesmo tempo, o filme procura mostrar que uma das consequência da corrupção política e policial, é o fortalecimento do mundo do crime.

O filme denuncia, de maneira contundente, os meandros da vida policial e política do país. Traz em cena a perspectiva criminosa das melícias, que são controladas por policiais corruptos ou ex-policiais. Por outro lado, deixa evidente a condição de exploração que se encontram os moradores de favelas controladas pelo tráfico de drogas, ou, pelos milicianos.

Em relação a esfera política nacional, a produção fílmica desnuda o esquema de “compra de votos”, que, por absurdo que possa parecer, ainda se constitui em uma estratégia muito utilizada para os políticos alcançares ou se perpetuarem no poder. Muito bem articulados, alguns “bandidos de gravata”, percebem, no contexto do filme, que é mais vantajoso para eles terem como aliados os criminosos que controlam as comunidades das favelas.

Ou seja, em troca de votos, faz-se convênios secretos com o crime organizado. A história do filme é ficção, mas, a realidade não está longe disso. Casos recentes da história brasileira revelam que a associação de políticos ao crime organizado não é conto da carochinha. A propina recebida por policiais e por políticos é uma realidade quase rotineira.

Enquanto isso, as organizações criminosas se fortalecem, com armas e com a conivência de agentes de um sistema que deveria atuar para defender a lei. Ao invés disso, preferem se tornarem sócios dos traficantes, cobrando dinheiro em troca de proteção.

Fica evidente, infelizmente, que a problemática da criminalidade no Brasil é, muitas vezes, agravada não pela falta de recursos das polícias, mas, por uma distorção no comportamento dos agentes policiais e políticos diante da situação.

Assim, como verbaliza o Capitão Nascimento, o sistema é um organismo complexo, composto por elementos que, muitas vezes, mudam o curso de suas atribuições dentro do sistema, aproveitando-se do lugar que ocupam para realizar empreendimentos pessoais ou de outrem. O problema do sistema, conforme encerra o filme está situado em suas diversas esferas, mas, principalmente, nas altas esferas políticas do país.

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