quinta-feira, 24 de junho de 2010

RESENHA



REFERÊNCIA: O nome da rosa. Direção: Jean Jacques Arnnaud. Produção: Berno Eichinger. Baseado no livro de Umberto eco “The name of the rose”. Estrelado por Sean Connery e F. Murray Abraham. Gênero: suspense. Estados Unidos: Costantin Film Produktion GmbH, 1986. 1 DVD (131min).


RESENHA

POR: PAULO ANDRÉ DOS SANTOS.

Um crime, um mistério, influência do demônio ou uma conspiração religiosa? Desse modo começa a história do filme, recheado de segredos escondidos a sete chaves. Inspirado na obra de Umberto Eco, o gênero fílmico de suspense “O nome da rosa” (1986) convoca o espectador a mergulhar nessa história intrigante.

Tudo começa com a morte do irmão Adelmo. Encontrado morto em um penhasco, a ordem religiosa levanta a suspeita de uma influência demoníaca. Para solucionar o caso, solicitam a ajuda do clérigo detetive Guilherme de Baskerville (Sean Connery).

Adepto da filosofia aristotélica, Guilherme, ao contrário dos sacerdotes, nega-se a embasar a opinião na perspectiva religiosa. Prefere seguir a linha dos fatos a partir da razão. Diante disso, após as primeiras observações o personagem representado por Connery conclui sobre a morte do irmão Adelmo, chegando a confirmar como motivo da morte o suicídio.

Entretanto, novas mortes vão acontecendo, como a morte de Venâncio, tradutor de grego e dedicado estudioso da obra Aristotélica, que, até dias atrás, mantinha relações muito próximas com Adelmo (a primeira vítima). Perspicaz, o detetive segue o rastro das pistas deixadas pelo assassino. Ao estudar as evidências, percebe um fato curioso que relaciona as mortes: todas vítimas estavam com uma das mãos e a língua sujas de tinta. A partir daí, o mistério vai se tornando mais estonteante e perigoso.

Mais adiante no filme, Connery percebe que a biblioteca escondia os segredos que possibilitariam confirmar sua tese: a tinta encontrada nas mãos das vítimas era veneno e provinha do manuseio de livros de sabedorias com textos reveladores, que se encontrava na biblioteca da igreja, não aberta aos sacerdotes e ao público em geral.

Em meio às mortes, com a chegada de um representante da inquisição, o mistério assume uma conotação religiosa: um sumo sacerdote e um monge são acusados de heresia contra a ordem religiosa. Assim também, uma mulher é acusada de bruxaria.

Enquanto isso, as mortes continuaram a acontecer. Guilherme de Baskerville é acusado pelas mortes, o inquisidor deduz que só era possível ao clérico detetive explicar os fatos que vinham acontecendo se fosse ele mesmo o assassino.

Com a morte de mais um sacerdote, o inquisidor tenta ir embora, mas, acaba sendo morto por populares, que o jogam no penhasco. Simultaneamente, Barkerville e seu ajudante, o jovem Adso, perseguem a solução de toda a trama.

Ao entrar secretamente na biblioteca, Barkerville e seu ajudante encontram no local um dos altos sacerdotes, que acaba confirmando-se como mentor dos assassinatos. Para ele, valia o princípio de que “Sem o demônio não haveria necessidade de Deus”. Ou seja, o temor ao demônio alimentava e sustentava a fé em Deus.

Em decorrência disso, aquele que conseguisse ter acesso as secretas escrituras, deveria morrer, sob risco de danos irreversíveis à fé religiosa. Os livros, nesse sentido, diante dos acontecimentos, precisavam ser destruídos, em nome de Deus.

O que consigo compreender dessa produção fílmica é de que um dos princípios ou sabedorias do acervo secreto era que, como anunciado no filme, o conhecimento precisa ser preservado e, não, buscado. Para a ordem religiosa, “Aquele que aumenta o seu conhecimento aumenta também o seu sofrimento”. Isso quer dizer que, outras linhas, o conhecimento traz sofrimento e, por isso, tinha que ser mantido sob controle e segredo.

Mais do que isso, o acesso a tal conhecimento poderia levar muitos a questionar, até mesmo, a “infalibilidade de Deus. Assim, em nome Deus, os hereges precisaram perecer.

O filme em questão revela aspectos históricos que norteavam a doutrina da Igreja católica, no século XIV. Tempos em que o poder da igreja era capaz de determinar, através da inquisição, o direito à vida ou à morte. Nesse sentido, casos de heresia ou de bruxaria eram tratados com rigor pelos membros da inquisição. Nesse período, incontáveis vidas humanas foram ceifadas sob o pretexto da vontade divina. A vontade da Igreja era, naquele momento, a suprema vontade de Deus.

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