sábado, 31 de janeiro de 2009

Obama: um homem, uma febre mundial e várias expectativas.

POR: PAULO ANDRÉ DOS SANTOS.


O mundo assistiu embebido de esperança a posse do novo Presidente norteamericano, Barack Obama. visto pelos americanos e por outros cidadãos espalhados pelo mundo como o “espírito da mudança”, Obama terá, pelos próximos anos, o compromisso de superar o desafio de tirar do naufrágio a economia americana e, entre outras missões, de ressignificar a relação dos EUA com o resto do mundo.

Em alguns aspectos, a eleição de Obama para assumir a presidência americana, em si, já representa uma quebra de paradigmas. É a primeira vez, por exemplo, que na história dos EUA um afroamericano é eleito Chefe de Estado. Outro paradigma é que ele descende do povo muçulmano, que representa a expressão mais radical do antiamericanismo.

Logo que foi empossado, no dia 20 de janeiro, como o 44º Presidente da história dos Estados Unidos, em discurso para um publico de aproximadamente 2 milhões de pessoas, Obama declarou que a sua primeira medida com presidente seria o fechamento da Prisão de Guantánamo. O que de fato ocorreu. No dia 22 de janeiro, já sob o mandato, Obama assinou um decreto que ordenava o fechamento da referida prisão, proibindo os abusos durante o interrogatório.

No entanto, apesar de insinuar uma relação mais dialógica com os países do mundo, ainda é uma interrogação a disposição de Obama em contribuir mais efetivamente para o desenvolvimento dos países em sub-desenvolvimento. A pobreza é hoje um problema que está entre as prioridades de saneamento, colocado como um dos objetivos do milênio. Essa meta de superação somente poderá ser alcançada se houver uma reunião de esforços das grandes potências. Os EUA, nesse sentido, tem que assumir um dos papéis centrais, visto que, atualmente, a maior parte dos recursos de ajuda proporcionados pelos americanos são destinados ao Estado de Israel, cuja população e territórios são muito diminutos, se comparados com outros países pobres do mundo, em especial, as nações do continente africano.

Obama tem manifestado a sua inclinação para a paz, em seus discursos, mas, contraditoriamente, antes da posse, quando fervilhavam os conflitos em Gaza, onde centenas de civis tiveram as suas vidas ceifadas, a únicas coisas que o Barack fez questão de “manifestar” foram o silêncio e a preocupação com os rumos do conflito. Será que isso faz parte do ritual do novo governo americano? É comum entre os populares aqui no Brasil dizer que “Quem cala consente”. No caso do novo presidente americano, é possível, em uma tomada de posição imparcial em relação a Israel. Vale lembrar que ele escolheu para chefe de gabinete, o Rahm Emanuel, filho de um sionista israelense.

Como diz o presidente venezuelano Hugo Chavez, é bom esperar para ver. As primeiras atitudes de um governante nem sempre se coadunam com o resto de seu mandato. O fato é que a eleição de Barack Obama parece ter sido providencial. Em um momento os Estados Unidos declinam em sua imagem internacional, sendo alvo de antipatias e hostilidades, eleger um presidente afroamericano e de raízes muçulmanas torna-se aos olhos mais desconfiados um ato reacionário, ou, simplesmente, uma incrível coincidência.

É difícil às pessoas não se deixarem se levar pelo apelo midiático, que transforma o Obama em um pop star mesmo antes de sua estréia. Foram 2 milhões de pessoas que chegaram a Washington para acompanhar a cerimônia da posse, sendo mobilizados 45 mil homens para a segurança do presidente. Afinal, Obama parece ter nascido para falar às multidões. O seu discurso de posse talvez tenha sido um dos mais belos já realizados em uma cerimônia de posse americana.

No caso da perspectiva de uma nova postura americana no mundo, dizer sobre o seu sucesso ou fracasso, se trará paz ou guerra, se refletirá o espírito do imperialismo ou da solidariedade, isso, somente o futuro dirá. Por enquanto, é bom colocar as “barbas de molho”, com se diz nos meios populares.


SÍTIOS CONSULTADOS:

Países ricos precisam ampliar ajuda. Disponível no sítio: Acessado no dia 31 de janeiro de 2009.

Leia os principais trechos do discurso de posse de Obama. Disponível no sítio: Acessado no dia 30 de janeiro de 2009.

Chefe de gabinete de Obama se desculpa por declarações. Disponível no sítio: Acessado no dia 29 de janeiro de 2009.
Obama será uma decepção, diz Hugo Chaves. Disponível no sítio: Acessado no dia 25 de janeiro de 2009.

Nelson Mandela parabeniza Obama e pede que ele lute contra a pobreza. Disponível no sítio: Acessado no dia 25 de janeiro de 2009.

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