domingo, 23 de novembro de 2008

Emprego em eleição? Ah,...que bão!

Por: Paulo André dos Santos

Salvador?...uma cidade com tantas pessoas em estado de ócio improdutivo, em que se amontoam nas grandes praças públicas, nos ônibus, nas sinaleiras, e nas calçadas, um verdadeiro exército de desocupados, mendigos e de trabalhadores informais. Por longos anos, muitos urubus, famintos por fincarem as afiadas unhas no dinheiro público, profetizaram a cada novo projeto eleitoreiro o fim da pirataria. Essa ladainha elitista aterrorizou muito uma grande quantidade de trabalhadores informais. Eram muitas as justificativas elaboradas para essa prática, ...diziam da sonegação de impostos, do prejuízo causado aos empresários, e até que a pirataria financia as operações do narcotráfico. Isso, possivelmente, em alguns casos, pode ser verdade, mas, o que mudou? O que aconteceu para que meliantes políticos virassem a casaca? Seria por que brotou de seus muchos corações a piedade? A repressão aos camelôs, nesses tempos, era muito forte e violenta. E os Homens – como costumavam se apelidados os policiais – em algumas ocasiões, desciam a porrada mesmo. Também existia (na verdade ainda subsiste) o Rapa, a fiscalização da prefeitura, que recolhiam todas as mercadorias dos ambulantes. Agora, vivemos uma verdadeira desgraça, pois, constantemente, renasce e se perpetua o assistencialismo e o coronelismo disfarçado. Ao mesmo tempo, surge também, para fins mais eleitoreiros do que propriamente sociais, uma espécie de legalização do trabalho informal. É na verdade, um meio que o poder público encontrou para tributar essa grande massa de trabalhadores, permitindo o aumento substantivo da arrecadação. Assim, o Estado, por meio dos oportunistas políticos, faz de refém as camadas mais pobres da população. O projeto de poder de líderes políticos, cada vez mais ardilosos e sustentados por armadilhas ideológicas sofisticadas, visam a afirmação de um enorme contingente de eleitores fiéis, através de mecanismos de coação chantagiosa. É verdade que, trabalhadores informais passam a se sentir mais seguros com o apoio da elite política. O que eles não percebem, por exemplo, que essa segurança é uma obrigação e não uma dádiva dos poderes políticos. Os trabalhadores são vítimas da mesquinharia politiqueira...são vitimados com o que se pode classificar de Síndrome de São Judas Tadeu, o que faz vislumbrar em seus padrinhos políticos o redentores das causas perdidas, ou ainda, ...contraem a Síndrome de Santo Expedito, em que, os que em outros tempos eram opressores, tornam-se, misteriosamente, a salvação para as necessidades urgentes dos trabalhadores. Os canalhas utilizam o sangue do povo como fermento para engordar as riquezas particulares. Tripudiam sinicamente da condição de pobreza alimentada pela ganância deles. Triste destino! Ó! Que fatalidade. A parcela mais pobre da população é incessantemente explorada economicamente sem sequer se perceber na condição de exploração. Mas isso não é uma fatalidade. Não se pode deixar impune os culpados...A pobreza não é obra divina...Existem culpados e eles aparecem de quatro em quatro anos para pedir o voto dos cidadãos. Mas existem possibilidades de emancipação. No momento em que a classe de trabalhadores perceber a força que possui, tanto como mão de obra quanto cidadãos consumidores, assim como, do poder de decisão sobre os rumos de uma sociedade como um todo, estará instaurada a revolução. Para que isso aconteça, é imperiosamente necessária a auto-conscientização da classe trabalhadora sobre a importância dos sacrifícios e da superação das barreiras impostas pela classe dominante. A mobilização é fundamental nesse processo. Além de se movimentar, como já é tradição, por aumento de salários, os cidadãos precisam aprender a se mobilizar para o atendimento de outras necessidades...como, por exemplo, para implantar um projeto digno de esgotamento sanitário, uma pavimentação adequada das vias, para exigir do Estado uma escola pública de qualidade, para oferecer condições ideiais ao bom atendimento em postos de saúde e Hospitais etc. Chega de vender o voto por uma cesta básica! O voto é muito mais valioso do que isso. É preciso saber que o que está em jogo não é somente o salário que irá ganhar o oportunista quanto empossado em cargo político; há muitas responsabilidades que se deve ater ao votar. O futuro da própria classe de trabalhadores dependerá, incondicionalmente, das decisões tomadas pela classe. A apatia da classe trabalhadora é a grande vantagem das elites economicas, pois assim, ela pode ditar as regras. Assim diz o velho ditado popular: “Quem cala, consente”. Ao sair da inércia, a classe trabalhadora entrará em pleno conflito ideológico com as elites e, desse modo, conquistarão uma maior parcela do bolo, participarão mais efetivamente da partilha da riqueza nacional.

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